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01/12/2021

Aids completa 40 anos com tratamento eficaz

No Dia Mundial de Combate à Aids, especialista do Hospital Eduardo de Menezes (Fhemig), principal referência para pacientes com HIV no Estado, alerta para a prevenção de novos casos

Aids é a sigla, em inglês, para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency Syndrome) ou Sida, em português, que acontece devido à destruição das células de defesa do organismo pelo vírus HIV. Este ano, a doença, que já foi responsável por cerca de 39 milhões de mortes em todo o mundo, completou 40 anos de descoberta.  No Brasil, desde o início da epidemia da Aids, em 1981, até junho de 2019, o país registrou 966.058 casos da doença. Somente em 2019, foram 43.941 casos registrados. Em Minas Gerais, o Hospital Eduardo de Menezes (HEM) é a principal unidade de internação de portadores do vírus HIV. Atualmente, cerca de 2.800 pessoas se tratam na unidade. 

26 anos de tratamento

D.I.A, 68, é uma delas. Ela iniciou o tratamento no HEM em 1995, anos depois de descobrir que havia contraído HIV do marido. “Resolvi fazer o exame porque meu marido começou a apresentar os sintomas da Aids. Na época que eu descobri, não havia tratamento ainda, os remédios estavam em fase de teste. Ver o resultado positivo era como ganhar um atestado de óbito”, conta ela, que ficou viúva oito meses depois. “A minha maior preocupação foi a minha filha. Pensava o que seria dela sem pai e mãe, e que não poderia vê-la crescer. Me vi na obrigação de lutar para viver. Hoje, sou a pessoa mais feliz do mundo, com meu neto a caminho”, afirma, emocionada. 

Para ela, que foi afastada pelos próprios familiares por preconceito, o hospital é como se fosse uma segunda casa. “No Eduardo de Menezes, eu tive o carinho, o apoio e o acolhimento que necessitava. Esse é o grande diferencial de lá, quando comparamos com outros lugares. Na unidade, tenho amigos, tenho quem me socorra. São muitas lembranças, foram muitos médicos queridos que passaram pela minha vida. O atendimento é excelente. Tem sido uma caminhada muito bonita ao longo de todos esses anos. Me considero uma sobrevivente do HIV”. 

Preço alto

Para L. S. D., 39, descobrir que estava com o vírus também foi um choque. Foi em 2012, após a manifestação de alguns sintomas, que ele procurou um médico para a realização de uma série de exames, que constataram a infecção. “Tive muita perda de peso, fraqueza, tonteira, vômitos. Quando descobri que estava com HIV, o impacto foi muito grande. Foi como receber uma sentença de morte. Essa sensação só foi sumindo com o passar do tempo, após iniciar o tratamento, que me fez ver que seria possível sobreviver, mesmo tendo o vírus”, conta. 

Ele acredita que o contágio aconteceu por meio de relação sexual, o que o deixou com receio de se relacionar com outras pessoas. “Fiquei mais de um ano sem ter relação sexual com ninguém, pois tinha medo. Hoje em dia, como não estou namorando e, portanto, não tenho um parceiro fixo, gosto sempre de informar, antes do ato, que tenho o vírus. Acho importante que a outra pessoa saiba, mesmo tomando todos os cuidados”, afirma.  

J.G.S., 54, também se infectou por meio de ato sexual. Ela faz programa e diz ter se contaminado por aceitar uma oferta mais alta de um cliente que desejava ter a relação sexual sem o uso do preservativo. No entanto, o preço por concordar com a condição acabou sendo muito alto. Há um ano se tratando, ela faz um alerta para outras mulheres. “Precisamos saber impor as nossas vontades. Mesmo se houver insistência para ter relação sexual sem ‘camisinha’, devemos manter a nossa posição e não aceitar. Eles que fiquem na vontade”, aconselha. 

Ambos também seguem recebendo o tratamento e acompanhamento no Hospital Eduardo de Menezes (HEM) e mantêm suas rotinas diárias de atividades, tomando os devidos cuidados para evitar transmitir o vírus, mas sem que quase ninguém saiba que são portadores, afinal o preconceito ainda pode ser muito grande.

A Aids hoje

De acordo com o infectologista do HEM João Gentilini Fasciani de Castro, a maioria dos pacientes graves se encontra nesse estado por desconhecimento do seu diagnóstico ou por abandonarem o tratamento. Por isso, ele ressalta a importância de realizar o exame anti-HIV com frequência. “Recebemos pacientes em vários estágios da doença. Grande parte deles sem sintomas. Descobriram possuir o vírus por terem realizado o exame. Ciente da contaminação e com o tratamento adequado, hoje o paciente pode ter uma vida longa e saudável, inclusive ter filhos, e ainda consegue manter sua carga viral indetectável. Ou seja, caso haja uma ruptura no preservativo, ele não transmitirá o vírus”, explica. 

Ainda segundo o médico, atualmente, o maior número de transmissão de HIV é o sexual, sendo possível também se infectar caso haja alguma ferida no corpo e que entre em contato com sangue contaminado ou com o compartilhamento de agulhas. Ou seja, a melhor forma de se prevenir é usando preservativo - popularmente conhecido como “camisinha” -  durante a relação sexual.

“A Aids, hoje, é uma doença crônica plenamente tratável, que está há décadas no nosso meio. Mas a divulgação em torno da doença e das formas de prevenção caíram muito. O ideal seria uma conscientização permanente nos grupos populacionais mais afetados pelo vírus. No caso do Brasil, a contaminação é maior em homens adultos que têm relação sexual com outros homens e em mulheres transsexuais. Já em algumas regiões da África, por exemplo, o grupo mais afetado é o de mulheres jovens”, analisa o infectologista do HEM. 

Soropositivo 

Ser portador do vírus HIV, no entanto, não significa ter Aids. A pessoa portadora do vírus é chamada de soropositivo. “Só é denominada Aids quando a pessoa começa a apresentar sintomas de  imunodeficiência avançada ou quando suas células de defesa chamadas TcD4 estão abaixo de 200 cell/MM3. No caso, a pessoa portadora do vírus que não recebe o tratamento adequado evoluirá para Aids. Em média, isso ocorre entre 5 e 8 anos no paciente que não se trata, mas varia de pessoa para pessoa”, explica o infectologista.

Ainda segundo ele, os sintomas da doença também são muito variados, sendo os mais comuns a perda de peso, diarreia crônica, candidíase oral (conhecida popularmente por sapinho) e infecções em diversos órgãos como neurotoxoplasmose, neurocriptococose e pneumonias graves, como a pneumocistose.

Tratamento

A cura pela Aids é objeto de estudo em todo o mundo. Por isso, de acordo com o infectologista do HEM, o tratamento atual é altamente eficaz, com pouquíssimos efeitos colaterais. “O esquema antiviral padrão do Ministério da Saúde é composto de dois comprimidos tomados de uma só vez, uma vez ao dia. A maioria dos pacientes que faz uso do medicamento não sente nenhum efeito e, quando sente, é leve e apenas no início. Monitoramos os possíveis efeitos adversos a longo prazo, no ambulatório, onde temos uma equipe multidisciplinar extraordinária e  diversas especialidades médicas”, explica João.

Ele afirma também que existe um tratamento preventivo. “É para pessoas que não têm HIV (PreP), mas que se expõem ao vírus. Este tratamento reduz a chance da pessoa se contaminar, porém não reduz o risco para outras infecções sexualmente transmissíveis”, alerta. 

Atendimento

De acordo com a gerente assistencial do Hospital Eduardo de Menezes (HEM), Tatiani Fereguetti, o Serviço de Atenção Especializada (SAE) da unidade é referência para atendimentos em infectologia e dermatologia sanitária e conta com atendimento multidisciplinar, com foco na assistência especializada, na prevenção de outras infecções sexualmente transmissíveis, além da adesão ao tratamento do HIV. 

“Desde a década de 90, tratamos pessoas vivendo com HIV e condições relacionadas à Aids. É um importante prestador de serviços ambulatoriais para o município de Belo Horizonte, sendo responsável por uma parcela considerável da oferta de primeiras consultas de infectologia”, explica a gerente assistencial.

As pessoas com demandas relacionadas à infectologia devem agendar a sua primeira consulta pela Central de Marcação de Consultas (CMC) de Belo Horizonte, sendo necessário o encaminhamento dos pacientes por meio dos postos de saúde. 

Após estarem vinculados ao HEM, todos os retornos são agendados na própria unidade. Além disso, depois das consultas, os pacientes podem se direcionar à farmácia ambulatorial dentro do hospital para buscar os medicamentos antivirais disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), necessários ao tratamento. 

Por Aline Castro Alves 

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