15/10/2019

Classe hospitalar no HIJPII auxilia crianças nos estudos durante tratamento

Quando pensamos em escola, é natural vir à nossa mente uma imagem de sala de aula, com várias crianças enfileiradas. Porém, essa não é a realidade de todas elas. Muitas, impossibilitadas, temporariamente ou não, de irem à aula, acabam recebendo o aprendizado dentro de hospitais, como acontece no Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), onde cerca de 70 crianças são atendidas mensalmente, a partir dos seis anos de idade.  

É o caso da Rayssa Sthefane, de 12 anos, que para chegar à sala de aula, precisa apenas dar alguns passos pelo corredor do hospital. “É legal. Ajuda a não perder o ritmo da escola”, diz a garota. “A mãe, Jane Batista, também elogia. “Ajuda bastante. Ela teve uma melhora muito grande desde que foi transferida para cá, há nove dias. As aulas são uma maneira dela descontrair aqui dentro”.

Funciona assim: após a chegada de uma nova criança na internação, a pedagoga aborda a família do paciente e, em seguida, já faz contato com a escola, na qual ela se encontra matriculada, para se informar sobre o conteúdo que está sendo ensinado. Na maioria dos casos, a própria escola envia as atividades para o hospital, incluindo as provas que serão aplicadas durante o período de internação.

Segundo a pedagoga, Maria da Penha Barcelos Nascimento, responsável pela classe hospitalar na unidade, as faltas não são abonadas, e, sim, justificadas. “Conversamos com a direção da escola a respeito do tempo em que as crianças vão ficar distantes, legitimamos a questão da ausência nas aulas, e, quando eles saem, levam um relatório nosso atestando o que elas aprenderam aqui no hospital”, explica.

O trabalho da pedagogia independe do tempo que a criança ficará internada no hospital. E, quando a criança não pode ir à sala onde acontecem as aulas, no caso, por exemplo, daquelas com precaução de contato, a pedagoga vai até o leito. “Ninguém fica sem o atendimento da pedagogia hospitalar”, afirma Maria da Penha.

Para ela, a classe hospitalar é tão poderosa quanto a medicação no tratamento das crianças, pois ajuda na ociosidade e traz a expectativa de futuro e de um mundo melhor. “Ajuda a criança a pensar que vai sair daqui e dar a volta por cima, independentemente do problema pelo qual ela esteja passando. Muitas, inclusive, chegam a dizer para os médicos que gostariam que a escola fosse igual à classe hospitalar, o que talvez se deva ao tratamento e atenção que recebem durante as aulas, por se tratar quase sempre de momentos individualizados”, explica a pedagoga.

Ainda segundo ela, o trabalho da classe hospitalar no João Paulo II também é muito valorizado pela família. “A maioria fica surpresa, pois não conhece esse tipo de serviço dentro do hospital. Ao receberem alta, elas nos procuram para agradecer”, conta Maria da Penha. “Em muitos casos, conseguimos que as crianças saiam daqui até mesmo sem as dúvidas que eles tinham em determinadas matérias. É gratificante”, conclui.  

As aulas acontecem diariamente, no período da manhã e da tarde.

 

Por Aline Castro Alves