13/04/2020

Campanha "Abril pela Segurança do Paciente" promove melhores práticas de saúde durante pandemia de coronavírus

Abril já é conhecido por ser o mês da campanha nacional pela segurança do paciente desde 2013, quando foi lançado o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) pelo Ministério da Saúde. Mas em um momento em que o mundo vive a pandemia do coronavírus, o tema ganha ainda mais importância. A campanha tem como um dos seus objetivos sensibilizar os profissionais de saúde e os próprios pacientes sobre práticas seguras, e divulgar o papel dos serviços, profissionais e das universidades na promoção da segurança, e ganha novos contornos no âmbito da Fhemig, quando a luta momentânea é contra um vírus altamente transmissível e que a cuja doença causada (Covid-19) tem impactado nos sistemas de saúde ao redor do globo.


Segundo as enfermeiras Isabella Morais e Érika Cristina, coordenadora e membro da equipe de segurança do paciente da Diretoria Assistencial (Dirass) da Fhemig, demandas ascendentes como a pandemia da Covid – 19 elevam o potencial para ocorrência de incidentes, erros ou falhas, fazendo com que a cultura de segurança do paciente assuma papel determinante dentro do ambiente hospitalar, o que reflete o comprometimento dos profissionais da organização com a promoção contínua de um ambiente terapêutico seguro. “A campanha Abril pela Segurança do Paciente ganha ainda mais relevância agora, quando influencia comportamentos e resultados de segurança, tanto para os profissionais de saúde como para os pacientes”, avaliam.


Segurança do paciente em tempos de coronavírus

Para fortalecer a Comunicação Segura – uma das dimensões da Segurança do Paciente – neste momento de pandemia, foram confeccionados cartazes contendo orientações quanto ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI`s), bem como o uso racional destes, orientações sobre a restrição de visitas e medidas básicas de prevenção para o coronavírus – lavas as mãos com água e sabão ou usar álcool em gel, cobrir o nariz e boca ao espirrar, evitar aglomerações se estiver doente, e manter os ambientes bem ventilados. Todas estas ações foram reforçadas junto às equipes multiprofissionais, em treinamentos realizados com diferentes focos, nas unidades da Fhemig.

As profissionais da equipe de Segurança do Paciente ainda destacam a importância de garantir a identificação da totalidade dos pacientes em atendimento. “A utilização das pulseiras ou etiqueta adesiva afixada na roupa do paciente, na altura do tórax, seja em observação ou internado, é fundamental para assegurar ao paciente toda a assistência indicada, principalmente no período vigente”, reforçam.

Além disso, foi criado o Plano de Capacidade Plena Hospitalar em Resposta à Pandemia de Covid-19, que permitiu às unidades da Fhemig passarem por uma reorganização física e estrutural, de forma a ampliar a capacidade de leitos, em caso de acionamento das ondas de atendimento, considerando a base populacional do Estado e a estimativa técnica da Secretaria de Saúde (SES-MG). Somente em março, foram disponibilizados 101 novos leitos de UTI, e a previsão é de mais 207 até maio. Já o Plano de Contingência Assistencial para Enfrentamento à Covid-19, foi ativado para nortear as equipes multiprofissionais, estabelecendo o fluxo de admissão hospitalar e de atendimento aos pacientes suspeitos e confirmados para Coronavírus, bem como o devido direcionamento ao acompanhante/ familiar. O plano ainda adota medidas para o uso dos EPI`s.

 

Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI`s)

O uso de EPI`s para os profissionais da linha de frente ao cuidado do paciente com suspeita/ confirmados para Covid-19, para que não ocorra transmissão cruzada é extremamente necessária e tem sido tema recorrente quando se fala da pandemia do coronavírus, já que os materiais têm faltado em vários hospitais no mundo inteiro.

A paramentação adequada é composta pelo uso da máscara cirúrgica, sendo o uso da máscara N95 ou PFF2 restrito aos profissionais que realizarão procedimentos geradores de aerossóis. Utiliza-se ainda capote ou avental descartável com gramatura mínima de 30 mm, com mangas longas, punho de malha ou elástico e abertura posterior; luvas de procedimentos não cirúrgicas no contato das mãos da equipe assistencial com os pacientes suspeitos e confirmados com Covid-19; protetor ocular ou facial (que deve cobrir a frente e as laterais do rosto), e gorro descartável.

Segundo as profissionais, a Fhemig tem realizado o acompanhamento e dispensação dos EPI`s conforme demanda diária e quantitativo de servidores existentes em cada unidade da Rede. Apesar de as unidades da Fundação estarem bem abastecidas no momento, existe na Fhemig um edital aberto para doações voluntárias em seu site (www.fhemig.mg.gov.br) de materiais e equipamentos que cumprem os requisitos de segurança do paciente e dos servidores.


Paciente Seguro

Desde 2016, a Fhemig participa do projeto “Paciente Seguro”, desenvolvido pelo Hospital Moinhos de Vento (Porto Alegre/RS) em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI, SUS). O projeto tem como objetivo aprimorar a segurança do paciente em hospitais públicos localizados em 15 estados do Brasil. Para isso, são desenvolvidas ações educativas diversas, voltadas para a melhoria da qualidade na assistência e redução de eventos adversos. Os hospitais participantes da Fhemig são o Infantil João Paulo II (HIJPII), Alberto Cavalcanti (HAC), Eduardo de Menezes (HEM) e Maternidade Odete Valadares (MOV).

Segundo as enfermeiras, o monitoramento dos resultados assistenciais do projeto é realizado por meio dos indicadores de processo e resultado, conforme preconizado por meio da Tríade de Donabedian, que é composta por três componentes: estrutura, processo e resultado. “A estrutura corresponde aos atributos dos setores em que os cuidados são prestados, o que inclui os recursos físicos, humanos, materiais e financeiros; o processo corresponde ao conjunto de atividades desenvolvidas durante a prestação de cuidados; e o resultado (outcome) corresponde ao efeito do cuidado no estado de saúde do paciente e das populações”, explicam as profissionais.


Engajamento dos servidores

O envolvimento dos servidores na busca por melhores práticas de segurança do paciente é fundamental no ganho de resultados. Um exemplo recente é o da equipe do multiprofissional da UTI adulto do HJXXIII, que por meio de ações educativas e pequenas ações no dia a dia, que mobilizaram os servidores do setor, após o ingresso no projeto “Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil”, também desenvolvido pelo PROADI-SUS, conseguiram reduzir em 50% o índice de pneumonia associada a ventilação mecânica (PAV). Além de reduzir a PAV, o projeto tem como meta diminuir infecções de trato urinário e relacionadas ao cateter venoso central.

Isabella e Érika afirmam que organizações com uma cultura de segurança positiva são caracterizadas pela comunicação fundamentada na confiança mútua, pela percepção comum da importância da segurança e confiança na efetividade de medidas preventivas, exemplificada por ações realizadas pelas próprias equipes, tais como a elaboração de vídeos para conscientização dos demais membros do serviço. “Estas equipes das unidades da Fhemig possuem um grau de maturidade denominada como cultura proativa, demonstrada por um número maior de profissionais envolvidos, no sentido de identificar e trabalhar os problemas de segurança, antecipando-se a ocorrência de incidentes e impactando diretamente na melhoria dos processos assistenciais”, explicam as profissionais.


Por Anni Sieglitz