07/07/2020

Fhemig e HAC participam do Julho Verde e alertam para a importância da prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço

Junto com o mês de julho, também dá as caras o “Julho Verde”, campanha que objetiva conscientizar a população sobre o Câncer de Cabeça e Pescoço e a importância de se fazer a prevenção. Apesar de o dia de combate à doença ser apenas no dia 27, a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) desenvolve ao longo de todo o mês ações e atividades de promoção da informação visando o combate a este tipo de câncer. Neste ínterim, o Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), referência estadual em oncologia, alerta para a importância da auto-observação para um diagnóstico precoce.

Para o mês de campanha, estão programadas na unidade atividades de capacitação de profissionais de saúde e conscientização da população quanto à prevenção e diagnóstico do câncer de cabeça e pescoço. Devido à pandemia do novo coronavírus, eventos inicialmente previstos para ocorrerem de forma presencial, acontecerão no formato virtual, como por exemplo, “lives” e produção de vídeo com a equipe do serviço da unidade.


Sobre a doença

O Câncer de Cabeça e Pescoço engloba os tumores da boca, faringe, laringe, das glândulas salivares, tireoide e pele. Estão entre os cânceres mais prevalentes na população, e entre os 5 tumores mais frequentes em homens, segundo estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) 2020. Ainda de acordo com o instituto, o Brasil registra cerca de 41 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço a cada ano, e um dado que tem alarmado os especialistas, é o aumento da incidência dos tumores entre os jovens.

De acordo com o especialista em cirurgia de cabeça e pescoço do HAC, Guilherme Souza, é fundamental reconhecer sinais e sintomas de alerta, tanto pela população quanto pelos profissionais, visando o diagnóstico precoce da doença. “Realizamos de forma regular a capacitação dos profissionais de saúde instituição, além dos principais exames, para que o diagnóstico seja o mais breve possível”, ressalta o médico.

Os primeiros sintomas da doença são feridas em cavidade oral, alterações na voz, massas cervicais, dor e dificuldade para engolir, com tempo de evolução superior a 2 semanas. Observar estas mudanças é fundamental para um diagnóstico precoce. “Etilismo e tabagismo são os principais fatores de risco para o câncer de cabeça e pescoço. Pessoas com familiares portadores da doença também têm risco aumentado”, alerta Guilherme. O diagnóstico tardio deste tipo de câncer, que acontece em cerca de 60% dos casos, pode causar uma considerável perda de qualidade de vida, durante e após o tratamento.


Atenção aos sinais

O eletricista aposentado Wellington Rodrigues (foto ao lado), de 57 anos, descobriu um câncer na laringe em 2016, após um ano do início dos sintomas – tosse e rouquidão. Antes disso, chegou a ter uma parada respiratória em casa, em Curvelo/MG, cidade onde mora, além de uma embolia pulmonar, o que levou à sua permanência no CTI por quase um mês. Segundo sua esposa Aída Rodrigues, Wellington bebia e fumava, apesar de não excessivamente, mas costumava praticar esportes, além de não ser diabético e nem hipertenso. “Achávamos que era um resfriado. Ele não aceitava ir ao médico, mas quando começou a sentir falta de ar, viu que não tinha outro jeito”, revela Aída.

Wellington teve seu diagnóstico definitivo depois da realização de uma biópsia no HAC, onde foi submetido a uma cirurgia para retirada das cordas vocais, laringe e tireoide algum tempo depois, o que resultou, dentre outras sequelas, na perda de sua voz. O eletricista continuou o acompanhamento na unidade com a equipe multidisciplinar, e segundo a esposa, a recuperação foi boa, porque não havia outros agravantes. O apoio de Aída neste período foi fundamental para que Wellington aceitasse bem o tratamento, mas segundo ela, o trabalho e a atenção dos profissionais do serviço também foram de extrema importância. “Desde o início fomos muito bem atendidos e bem orientados, pois nunca tínhamos passado por nada parecido”, avalia Aída.

Em 2019, após testes bem sucedidos no ambulatório, Wellington teve acesso a uma laringe eletrônica por meio de uma doação do Grupo de Acolhimento Câncer de Cabeça e Pescoço (GAL Minas Gerais). “Ele se adaptou muito bem, e isso fez tudo mudar, pois antes só eu o compreendia, e ele não tinha coragem de se comunicar com outras pessoas”, conta Aída. Hoje em dia, Wellington realiza o acompanhamento no HAC de seis em seis meses, mas tem permanecido em casa por causa da pandemia de coronavírus.


Serviço do HAC

De acordo com Guilherme Souza, o HAC oferece a estrutura adequada para o tratamento completo dos pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço, disponibilizando uma equipe multidisciplinar para melhores resultados oncológicos. “Além dos cirurgiões de cabeça e pescoço, o hospital conta com oncologistas, radioterapeuta, fonoaudiólogas, enfermeiras, fisioterapeutas, assistente social, psicólogos, além dos profissionais administrativos que garantem o funcionamento dos diversos setores. É uma equipe (foto abaixo) altamente especializada, que oferece atendimento de excelência para a população”, afirma o especialista.

Segundo a referência técnica de fonoaudiologia do serviço, Viviane Souza, estudos mostram que pacientes acompanhados por equipe multidisciplinar apresentam maiores índices de reabilitação e reinserção social e profissional, sendo assim, necessário planejamento de intervenções que contemplem a integralidade dos pacientes. “Os pacientes acometidos por Câncer de Cabeça e Pescoço compõem um grupo ainda estigmatizado pela sociedade em decorrência de deformidades craniofaciais comuns nesse tipo de neoplasia. Portanto, os pacientes apresentam tanto sequelas físicas com danos na deglutição, fala, olfato, respiração acompanhados de deterioração social e emocional que podem impactar significativamente na qualidade de vida”, ressalta a fonoaudióloga.

São feitos em média 240 atendimentos e 30 cirurgias por mês na unidade, somente pelos cirurgiões de cabeça e pescoço, sendo um dos maiores serviços em Minas Gerais. Dentre as cirurgias realizadas, estão tireoidectomias (retirada da tireoide), glossectomias (retirada de parte ou toda a língua), laringectomias (retirada das cordas vocais), linfadenectomias cervicais (retirada dos linfonodos do pescoço), além de biópsias para diagnósticos.


Projeto para aquisição de próteses

De acordo com Viviane Souza, dentre as opções de reabilitação vocal após laringectomia total, a prótese traqueosofágica (PTE) é a que fornece melhores resultados vocais ao paciente, por permitir maior tempo de conversação. “Diante da missão do HAC de fornecer melhor assistência aos pacientes oncológicos, as equipes de Fonoaudiologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço elaboraram um projeto em 2019, que aguarda parecer da Gestão, objetivando padronização das próteses no serviço, mediante possibilidade de restabelecimento da comunicação oral com maior qualidade e, consequente, reinserção social do paciente”, conta a profissional.

A prótese traqueoesofágica (PTE) quando bem indicada, é considerada a melhor opção de reabilitação de comunicação para os pacientes que realizaram a Laringectomia Total (retirada de toda a laringe). “Atualmente, os pacientes do SUS não têm acesso a essa prótese, pois só é oferecida a colocação da primeira, sem garantia das trocas. Como a prótese tem que ser trocada em média a cada quatro meses, sua colocação ainda não está viabilizada na rede SUS no Estado de Minas Gerais”, lembra Viviane.

Atendimento na Pandemia

Segundo Guilherme Souza, o atendimento no HAC ocorre de maneira ininterrupta desde início da pandemia, e nenhum paciente oncológico ficou sem tratamento no período, tendo sido mantido o mesmo número de atendimentos e tratamentos cirúrgicos. “Os pacientes são avaliados antes atendimento do ambulatorial e internação hospitalar. Quando apresentam sintomas de síndrome gripal, são encaminhados para serviços especializados em tratamento da Covid-19”, explica o médico.

De acordo com o profissional, o hospital tem como prerrogativa ser livre de Covid, pela natureza dos atendimentos e maior fragilidade dos pacientes oncológicos. “Vale ressaltar que o HAC é um dos únicos em Belo Horizonte que conseguiu manter e até mesmo aumentar o número de cirurgias oncológicas no período de pandemia”, ressalta Guilherme.

 

Por Anni Sieglitz