07/08/2020

Cepai completa 40 anos

O Centro Psíquico da Adolescência e Infância (Cepai), da Rede Fhemig, acaba de completar 40 anos, no último dia 03. Referência em Minas Gerais na Atenção em Saúde Mental da Criança e do Adolescente, especialmente para casos de maior complexidade e de vulnerabilidade social, a unidade também atua como centro de excelência e referência na formação de profissionais da Rede SUS, além de fazer parte da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) municipal e estadual, sendo porta de entrada por demanda espontânea ou via encaminhamento para casos de urgência.

Ao longo dessas quatro décadas, muitas histórias e conquistas marcaram a unidade e quem trabalha nela, como destaca a diretora do Cepai, Virgínia Salles. “Desde 2017 celebramos a pactuação, e consequente contratualização, com a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), quando, desde então, o Cepai se tornou o terceiro Cersami de Belo Horizonte, sendo referência para as regionais Centro-Sul, Leste e Barreiro. Além disso, contamos com o único pronto-atendimento do Estado de Minas Gerais com plantonista psiquiatra 24 horas para assistência especializada, além de 11 leitos de retaguarda psiquiátrica em enfermaria, para atendimento dessa população, e de retaguarda noturna e aos finais de semana para os outros dois Cersami’s, Nordeste e Noroeste. Também contamos, há mais de 20 anos, com o credenciamento no MEC de seu Programa de Residência em Psiquiatria da Infância e Adolescência (PRM-PIA), o maior da especialidade no Estado”.

De acordo com Patrícia Coacci, coordenadora do Núcleo de Ensino e Pesquisa (NEP) e da Ouvidoria, e servidora na unidade há 40 anos, o Cepai sempre se mostrou protagonista na oposição a práticas clínicas segregadoras e excludentes. “Sempre incorporamos um paradigma no qual a essência do tratamento é a interação humana entre o paciente e a equipe de profissionais/cuidadores. Valorizamos a pessoa, o fortalecimento do indivíduo, da sua família, e sua plena integração à sociedade. O nosso diferencial é o encantamento que mobiliza os profissionais a se comprometerem com o Projeto Assistencial da unidade, se empenhando em sucessivos aprimoramentos de sua prática institucional”, explica.

Segundo ela, o Cepai tem uma história em permanente construção. “É uma instituição que tem a maturidade de olhar para o seu passado com o valor e o orgulho de um saber acumulado e a coragem de se abrir a mudanças, legando às seguidas gerações a corresponsabilidade de seguir com passos firmes, empenhando no aprimoramento científico, em sua natureza de ser um centro de formação de excelência”, afirma.

Mais que um local de trabalho

“Quando estou aqui, sinto como se eu estivesse dentro da minha casa”, afirma a coordenadora da recepção, Marlene da Silva Duarte, servidora no Cepai há 32 anos. “Entrei no Cepai em 1988. Desde então, me casei, tive três filhos, e passei por praticamente todos os setores aqui dentro, alguns nem existem mais. Ao longo desses anos também fiz muitos cursos pela Fhemig e muitos amigos. Muitos desses amigos já saíram há mais de 20 anos daqui e estão até hoje na minha vida. Por isso, para mim, o Cepai é um local de muitas boas lembranças. Já poderia ter me aposentado há alguns anos, mas não consigo imaginar minha vida longe daqui. Quando estou de férias, fico doida para voltar. Sinto que aqui é meu lugar”, diz emocionada.

CEPAI equipe2020

Para a diretora assistencial, Luciana Rodrigues da Cunha, entrar para a equipe do Cepai também fez diferença, ainda mais logo após uma licença maternidade. “Não fosse o grande acolhimento de toda a equipe, não sei se teria conseguido me adaptar”, afirma ela que logo se encantou pelo local e pela prática do cuidado em psiquiatria para a crianças e adolescentes. “Essa identificação, quase que de amor à primeira vista, só fez crescer em mim o desejo por contribuir cada vez mais para a garantia de um serviço qualificado, para uma população muitas vezes vulnerável e carente”.

É também com muito carinho que Patrícia Coacci, que está na unidade desde a sua inauguração, quando ainda era estagiária, fala da unidade. “Tenho sido testemunha de muitos capítulos dessa história, sendo ela um capítulo de minha própria vida. Da família de origem recebi valores, formação humana. Já aqui, muitos colegas se incorporam à minha vida como fonte de saber e afeto, usuários e familiares me ensinam a resiliência e a humildade ao tocarem em minha vida com suas vivências de adversidade e superação. Enfrentei muitas adversidades com a dor de perdas irreparáveis. Em todas, levantei a cabeça e desejei voltar ao Cepai, pois tinha uma ‘família’ de braços abertos a me sustentar com ternura e muitas famílias que precisavam do meu testemunho”.

Para Patrícia, trabalhar no empoderamento da vida, no processo do cuidado, não tendo a doença como o fator preponderante, foi a motivação para permanecer no Cepai durante tantos anos. “É um longo caminho, um processo de aprendizagem e de orgulho de compor a equipe de trabalho. Essa história é rica de pessoas, muitos como eu, iniciaram sua vida profissional como estagiários e ou residentes e seguiram até a aposentadoria”.

Por Aline Castro Alves