12/05/2021

Vocação para cuidar

Semana da Enfermagem, comemorada em maio, homenageia e reforça importância desses trabalhadores para a assistência


Quem atua com enfermagem, seja em qual área for, sabe que o trabalho exige muito mais do que a realização de procedimentos relacionados ao cuidado. Esse profissional é quem, muitas das vezes, acompanha de perto as necessidades imediatas do paciente, sendo o elo entre ele e todo o restante da equipe multiprofissional de uma unidade de saúde.


“Esses trabalhadores possuem um relevante papel na Rede Fhemig, pois atuam nos mais variados pontos de atenção à saúde, como atendimento ambulatorial, domiciliar, unidades cirúrgicas, internação, terapia intensiva, cuidados intermediários, emergência, apoio diagnóstico e terapêutico, saúde do trabalhador, controle de infecção, educação continuada, entre tantos outros da mesma importância”, elenca a coordenadora de Enfermagem e Equipe Multidisciplinar da Diretoria Assistencial (Dirass) da Fhemig, Aline Cândido de Almeida Pinto Mendes.

A enfermeira do Centro Psíquico da Infância e da Adolescência (Cepai), Mércia Cristina Alves Moreira dos Santos, já teve experiência em algumas dessas frentes de atuação. Ingressou na Fhemig em 2012, na assistência domiciliar do Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), onde permaneceu por três anos. Em seguida, passou pelos serviços de internação e de urgência da unidade. Em 2019, aceitou o desafio de ir para o Cepai, onde está até hoje. Atualmente, ocupa o cargo de coordenadora de enfermagem.

“Trabalhar com saúde é um grande prazer, uma satisfação que não consigo colocar em palavras. É ter a capacidade de ajudar alguém em um momento de muita fragilidade. Mas também é um desafio diário, pois a rotina da enfermagem no serviço público é muito dinâmica. A gestão de uma equipe é o alicerce para todas as outras relações. Atualmente, sinto que as funções administrativas ocupam a maior parte do meu trabalho, mas o lado assistencial sempre dá um jeito de se fazer presente. O sucesso do atendimento depende de uma corrente cheia de elos, que se complementam. E mesmo com limitações de diversas naturezas, percebo que temos profissionais extremamente dedicados e qualificados, buscando sempre oferecer a melhor assistência”, destaca Mércia.

Em quase dez anos como enfermeira, a servidora ressalta que são muitos os momentos marcantes no trabalho. “No atendimento infantil de urgência e emergência foram muitas histórias vivenciadas. No entanto, para mim, o grande desafio foi, de fato, a saúde mental. O conceito de redução de danos, por exemplo, é algo recente na minha trajetória profissional. Diariamente, me deparo com realidades que julgava nem existirem e isso faz com que o atendimento seja sempre desafiador. Cada caso exige um olhar diferente para que seja possível alinhar a melhor conduta”, explica.

Criatividade na rotina

A técnica de enfermagem da Maternidade do Hospital Júlia Kubitschek (HJK), Vânia Cristina dos Santos, vê em seu trabalho uma possibilidade de promover o cuidado de maneira afetiva, humanizada e acolhedora. Na Fhemig desde 2011, já passou por outros setores como CTI Adulto, apoio da Gerência da Unidade de Internação e Núcleo Interno de Regulação. Graduou-se em Enfermagem em 2013 e, dois anos depois, tornou-se especialista em Terapia Intensiva – área pela qual tem um carinho especial. “Ao contrário do que muita gente imagina, as UTIs não são um lugar onde o paciente entra para morrer. O tratamento completo, os recursos tecnológicos e a equipe multiprofissional qualificada, que presta assistência por 24h, representam, sem dúvida, a possibilidade de cura para enfermos muito graves”, enfatiza.

Lidando diariamente com gestantes, bebês e puérperas, Vânia teve uma iniciativa que chama a atenção. Ela confecciona, por conta própria, óculos com temas infantis para proteger os olhos dos recém-nascidos que precisam da fototerapia – modalidade terapêutica mais utilizada para tratamento da icterícia neonatal. “Resolvi fazer os óculos artesanais porque sempre gostei de trabalhos manuais e vi neles um jeito diferente para as mães enfrentarem esse tratamento, que não precisa ser algo sofrido. Com doses de luz e um pouquinho de criatividade, conseguimos tornar menos árduo esse processo”, afirma.

Vânia acredita que o trabalho com enfermagem é também uma forma de levar conforto, carinho e esperança a muitas pessoas. “Ao escolhermos essa profissão, assumimos o compromisso de sermos agentes de mudança na vida dos nossos pacientes, de percebermos suas dores, limitações e sofrimentos diante da doença. Temos a responsabilidade de ter práticas seguras, respeitando o pluralismo e a diversidade de etnias, religiões e ideologias, jamais julgando ou excluindo ninguém dos nossos cuidados”, conclui.

Linha de frente contra a covid-19

Essenciais nesse momento de pandemia, os trabalhadores de enfermagem viram sua rotina se transformar no início do ano passado, com a chegada dos primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus nas unidades da Fhemig. O Hospital Eduardo de Menezes (HEM) – referência estadual no atendimento à covid-19 – dedica, desde março de 2020, 100% de seus leitos de enfermaria e de terapia intensiva para o atendimento aos pacientes com suspeita ou confirmação da doença.

“A pandemia mudou demais nosso dia a dia no trabalho, tivemos que nos adaptar, nos organizar e nos reinventar, todos os dias. Uma doença muito nova e que, no início, sabíamos pouco a respeito. O medo era real, tanto de se contaminar quanto de levar a doença para nossa família. Lembro como foi assustador quando recebemos o primeiro caso”, conta a enfermeira do CTI Adulto do HEM, Adileia Pereira de Jesus Cardoso. Didi, como é carinhosamente conhecida na unidade, foi a primeira enfermeira a receber a vacina contra a covid-19 em Minas Gerais.

“Foi muito emocionante ter sido uma das primeiras pessoas no Brasil a ser vacinada e também representar toda uma categoria profissional. Um privilégio e um reconhecimento do meu trabalho. Sinto muita gratidão por isso”, diz Adileia, que também reforça a importância de valorizar esses trabalhadores da linha de frente contra a covid-19. “Hoje o mundo inteiro nos vê. Somos apontados como heróis. E eu vejo mesmo em cada rosto cansado a face de um super-herói. Aos meus colegas da enfermagem, que se desdobram todos os dias, que saem de um hospital para outro, que se dedicam na luta pela vida, o meu ‘muito obrigada’. Vocês têm todo meu respeito e carinho”, declara.

Dedicação de uma vida

A auxiliar de enfermagem da Maternidade Odete Valadares (MOV), Aldanete da Rocha Santos, de 74 anos, aposentou-se recentemente, após 46 anos dedicados à profissão, sendo 31 deles na Fhemig. Na MOV desde 1994, atuou na admissão, no ambulatório e na Unidade Clínica Cirúrgica (UCC). “Trabalhar na enfermagem é um dom que, ao longo da vida, você vai amadurecendo e aperfeiçoando. Eu adoro lidar com o paciente, é tudo que eu gosto”.

Devido à pandemia, Aldanete foi afastada do atendimento, por conta da idade, que a coloca no grupo de risco para a covid-19. “O ano de 2020 foi muito difícil para mim, foi bem complicado passar por essa situação. Nesse meio tempo, meu marido teve a doença, perdi colegas, fiquei muito abalada, mas consegui levar”, conta.

“A mensagem que deixo para meus colegas que ainda atuam na enfermagem e, principalmente, na linha de frente contra a covid-19, é que mantenham os protocolos de segurança e façam seu trabalho com maestria. Todas as noites, peço em oração pelos que estão nos hospitais: que as medicações façam efeito e que os doentes tenham uma noite tranquila, porque se o paciente está tranquilo, a enfermagem também está. E que essa pandemia passe logo, tenho muita fé de que as coisas, daqui pra frente, só vão serenar”, enfatiza Aldanete.

Semana da Enfermagem na Fhemig

Em 12 de maio é celebrado o Dia Internacional da Enfermagem, em referência a Florence Nightingale, enfermeira britânica pioneira no tratamento a feridos durante a Guerra da Crimeia (1853/1856). Florence ficou conhecida como a “dama da lâmpada” por utilizar o instrumento para iluminar os ambientes dos hospitais de campanha durante os cuidados no período noturno.

No Brasil, comemora-se, de 12 a 20 de maio, a Semana da Enfermagem, em homenagem a Florence Nightingale e à brasileira Ana Néri – primeira enfermeira voluntária do país, que atuou cuidando de feridos na Guerra do Paraguai (1864/1870). O Dia Nacional do Técnico e Auxiliar de Enfermagem é celebrado em 20 de maio e foi instituído a partir da resolução n°294 de 15 de outubro de 2004, do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN).

A II Semana da Enfermagem da Fhemig acontece de 17 a 21 de maio, com palestras on line proferidas por especialistas das unidades assistenciais e da Administração Central sobre temáticas diversas, como desafios no enfrentamento à covid-19, classificação de risco, cuidados paliativos, saúde mental, pediatria, entre outros assuntos. Os conteúdos estarão disponíveis para acesso no YouTube e a participação nas atividades poderá ser utilizada para comprovação de carga horária destinada a capacitação.


Por Fernanda Moreira Pinto