24/05/2021

Unidades da Fhemig realizaram a maioria das internações por covid-19 em Minas Gerais no primeiro ano de pandemia

Diante de um cenário de calamidade pública, a Fundação ofereceu respostas rápidas e gerenciamento firme para garantir a assistência dos pacientes

Maior rede hospitalar pública do país, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) conseguiu estabelecer ações e estratégias para combater a pandemia do novo coronavírus, que desafiou os gestores da saúde não só em Minas Gerais, mas em todo o mundo. Demonstrando planejamento e estabilidade gerencial, as unidades hospitalares da Fundação, em conjunto, foram as que mais realizaram internações de pacientes suspeitos e confirmados de covid-19 em Minas Gerais.

De março de 2020 a fevereiro de 2021, a Rede Fhemig respondeu por 5,4% do total de internações (51.713) realizadas por hospitais da rede SUS em Minas Gerais, como mostra um estudo realizado pela Diretoria de Contratualizações e Gestão da Informação (DCGI) da Fundação. Para atingir este resultado, a dedicação das equipes, o entrosamento entre as diretorias e a agilidade das ações foram fundamentais.

Mobilização

Desde o início na pandemia, as equipes da Fhemig, em especial os infectologistas, iniciaram o acompanhamento do comportamento do SARS-CoV-2, e observando o cenário que se desenvolvia na Europa, foi possível fazer uma projeção do impacto local e o planejamento das ações, em discussões com a Subsecretaria de Vigilância da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG).

“Em fevereiro de 2020, já começamos a desenhar a capacidade máxima de respostas que poderíamos dar, descritas pela Fhemig no Plano de Capacidade Plena Hospitalar (PCPH) de Enfrentamento à covid-19. O documento foi imediatamente disponibilizado ao público, com toda a transparência que a situação demandava”, conta a diretora assistencial da Fhemig, Lucineia Carvalhais, que destacou o envolvimento de todos diretores, das equipes assistenciais e da presidência na elaboração do PCPH.

As unidades hospitalares precisaram se reorganizar para continuar oferecendo a melhor assistência possível e atender à alta demanda diante do novo desafio. A Fhemig destinou, desde 25 de março de 2020, 100% dos leitos do Hospital Eduardo de Menezes (HEM) para o atendimento aos pacientes com suspeita ou confirmação de covid-19. A unidade já era referência estadual no atendimento a doenças infectocontagiosas. No dia 20 de março de 2021, o Hospital Júlia Kubitschek (HJK) também passou a realizar o atendimento integral a esses casos.

Em pouco tempo, toda a Fundação se envolveu com a convocação emergencial de servidores, aquisição de insumos, projeção de consumo de material médico e medicamentos, desenvolvimento de rotinas, fluxos e protocolos, treinamentos on-line e aquisição de equipamentos. Além disso, foi criado um robusto protocolo assistencial de atendimento, com diretrizes para todas as atividades que funcionam nos hospitais da Fhemig, desde a chegada do paciente, até a alta ou o óbito.

“O documento contém todas as orientações assistenciais na atenção à covid-19, como o acolhimento da família, o manejo do atendimento on-line, e os procedimentos com os pacientes críticos. O protocolo é constantemente atualizado, e usado como base para consulta em diversos municípios do estado”, explica Lucineia.

Porém, neste processo, também houve dificuldades que, segundo a diretora, foram superadas com o apoio das equipes assistenciais, em todos os níveis gerenciais. “Quando o mercado enfrentou escassez de equipamentos de proteção individual (EPI´s), tínhamos estoque para atender as unidades. Já a contratação de recursos humanos é algo difícil até hoje, principalmente de médicos, mas tivemos resposta humanitária de muitos profissionais, que trabalharam em esforço máximo de adesão aos plantões estratégicos, para não haver redução de leitos”, afirma.

Números

No total, a Fhemig destinou 171 leitos de unidade de terapia intensiva ( 141 adultos, 26 pediátricos e 4 neonatais) ao tratamento da covid-19, sendo 131 leitos na capital (40 adultos no Hospital Eduardo de Menezes; 59 adultos no Hospital Júlia Kubitschek; 16 pediátricos no Hospital Infantil João Paulo II; 12 adultos e 4 pediátricos no Hospital João XXIII), e 40 leitos no interior (21 adultos, 4 pediátricos e 4 neonatais no Hospital Regional João Penido, em Juiz de Fora; 9 adultos no Hospital Regional Antônio Dias, em Patos de Minas). Também foram disponibilizados 15 leitos semi-intensivos no HEM.

Em relação aos leitos de enfermaria (adultos e pediátricos), foram 318 designados somente para o atendimento a pacientes suspeitos e confirmados da covid-19, sendo 265 leitos na capital (49 adultos no Hospital Eduardo de Menezes; 164 adultos no Hospital Júlia Kubitschek; 28 pediátricos no Hospital Infantil João Paulo II e 24 adultos no Hospital João XXIII) e 53 leitos no interior (40 adultos e 4 pediátricos no Hospital Regional João Penido; 9 adultos no Hospital Regional Antônio Dias).

A Fhemig admitiu, em suas unidades, de março do ano passado a 24 de abril de 2021, quase 13 mil casos suspeitos de covid-19, sendo que 4.020 foram atendidos no HEM e 3.020 no HJK. Destes casos, 5.426 foram confirmados, sendo 1.921 no HEM e 1.679 no HJK.

Os leitos de terapia intensiva da Fhemig receberam, no total, 3.339 pacientes suspeitos de covid-19. Entre os 2.119 confirmados, 65,8% precisaram de ventilação mecânica. Somente a UTI do HEM atendeu 1.102 pacientes suspeitos, sendo 712 confirmados. Já a UTI covid-19 do HJK atendeu 900 casos suspeitos, sendo 648 confirmados.

Obras

Para o funcionamento adequado do Plano de Capacidade Hospitalar Plena, alguns hospitais tiveram a necessidade de passar por obras e adequações emergenciais. Os investimentos, feitos com recursos de acordos celebrados entre a Vale e o Governo do Estado, ultrapassaram R$ 102 milhões nos orçamentos estimados para os projetos e obras de infraestrutura das unidades hospitalares da Rede Fhemig nos próximos 3 anos.

Segundo o gerente de Infraestrutura Predial da Diretoria de Planejamento, Gestão e Finanças da Fhemig, Henrique Breguez Coelho, a gestão priorizou as unidades que estão na linha de frente no atendimento aos casos de covid-19. “Foram tomadas decisões imediatas para adequar espaços físicos nos ambientes dos hospitais para atendimento a estes pacientes”, afirma Henrique. São exemplos dessas intervenções as obras no HEM e no HJK, iniciadas no começo de abril de 2020 e executadas pelo Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DEER/MG). Elas foram consideradas prioritárias por estarem integralmente direcionadas ao atendimento a pacientes com a covid-19.

A obra no HEM foi dividida em duas etapas. A primeira, já finalizada, abrangeu a reforma da Ala “D” e a ampliação da capacidade de carga da subestação em cumprimento à decisão do Comitê Extraordinário de Enfrentamento à Covid-19, resultando no aumento e adequação de leitos para atendimento aos pacientes da pandemia. A segunda etapa, ainda em andamento, contempla, entre outras ações, obras para a instalação de equipamentos e adequação dos leitos de isolamento respiratório.

O HJK também cumpre um importante papel no Plano de Capacidade Hospitalar Plena. Depois de quase um ano como retaguarda do HEM, a unidade passou a se dedicar exclusivamente ao atendimento à covid-19. Além disso, a maternidade do hospital é, preferencialmente, a unidade dedicada ao atendimento às gestantes, parturientes e puérperas com suspeita ou diagnóstico positivo para o novo coronavírus.

Em janeiro de 2021, foram inaugurados o novo CTI e sistema de climatização da unidade, instalados os principais ramais de nova rede de gases medicinais (oxigênio e ar comprimido), o novo sistema de distribuição de energia elétrica e de novos Grupos Moto Geradores (GMG’s) de Energia. Recentemente, foi iniciada a execução da obra de reforma do bloco cirúrgico.

Contratações emergenciais

Com o objetivo de suprir a demanda de profissionais nas unidades da Fhemig, em decorrência da pandemia e a consequente abertura de leitos, foram realizados, até o momento, 110 chamamentos públicos emergenciais nas unidades da Fhemig.

No total, foram ocupadas 750 vagas por diferentes profissionais, sendo 342 técnicos de enfermagem, 148 médicos, 73 enfermeiros e 81 fisioterapeutas respiratórios, além de psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, dentre outros.

Aprendizados

Segundo Lucineia Carvalhais, muito do que foi criado, ampliado, revisto ou reorganizado serviu como aprendizado para os servidores das unidades da Fhemig e da Administração Central. “Aprendemos que esta é uma realidade para a qual devemos estar preparados. Também percebemos que podemos reduzir nossos tempos nos processos de aquisição, sem perda de qualidade e segurança. Nosso papel é ser ágil, flexível e responder conforme a necessidade da rede pública, além de nos qualificarmos, cada vez mais, para a alta complexidade”, ressalta a diretora.

Para a diretora assistencial, as incertezas e angústias enfrentadas pelas equipes diante do desconhecimento inicial sobre o novo coronavírus poderão ser contrabalançadas com alguns fatores positivos. “A integração nas unidades entre diretores e suas equipes se fortaleceu, em um prazo muito curto, e nosso potencial para dar respostas mais rápidas sedimentou a compreensão de que somos macrorregionais, e capazes de expandir nossas forças”, finaliza.

Por Anni Sieglitz

Fotos: Arquivo ACS/Fhemig, Arquivo HJK/Fhemig e Fábio Marchetto