27/08/2021

Paciente do Hospital João XXIII inicia vida escolar durante internação

Serviço de classe hospitalar da unidade conseguiu vaga em escola para criança de 6 anos que ainda não tinha iniciado os estudos

Há pouco mais de um mês, uma família de Ribeirão das Neves passou por um grande susto. Um incêndio em casa fez com que uma mãe e seus quatro filhos fossem encaminhados à urgência do Hospital João XXIII (HJXXIII), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). O casal de gêmeos de 2 anos e a bebê de 7 meses foram liberados no mesmo dia. Já a mãe, Lorifica Jordana da Silva, e a filha Vitória, de 6 anos, passaram por um longo período de internação no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), que foi ainda mais importante do que imaginavam. 

Além do tratamento das queimaduras no Hospital João XXIII, referência nacional neste tipo de atendimento, a família conseguiu resolver uma questão que já preocupava os pais há algum tempo: a matrícula na escola. “Constatamos que a Vitória, em idade de obrigatoriedade do ensino, ainda não estava matriculada, pois seus pais não haviam conseguido vaga para ela. Rapidamente, entramos em contato com a Secretaria Municipal de Ribeirão das Neves e efetuamos seu cadastro escolar”, conta a pedagoga do HJXXIII Jaqueline Dantas.

Para finalizar o processo de matrícula, era necessária a apresentação dos documentos, que acabaram sendo queimados no incêndio. A ajuda veio da assistente social do hospital Cláudia Carvalho, que acompanhou o pai ao cartório para retirar a segunda via dos documentos das crianças e resolveu tudo rapidamente. “Minha família recebeu um amparo muito grande de toda a equipe. A assistente social nos acompanhou desde a nossa chegada e resolveu toda a questão da documentação dos meus filhos. Com os documentos em mãos, depois de uma semana de internação, a Vitória já estava matriculada em uma escola próxima à casa onde vamos morar. Nem sei como agradecer. Devo muito a elas e ao João XXIII. É um trabalho de fundamental importância aqui no hospital”, afirma o pai da Vitória, Valtécio Cezário de Oliveira. 

Classe Hospitalar

Segundo a pedagoga, as crianças internadas no João XXIII e no Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII) contam com o serviço da classe hospitalar para atender as demandas educacionais durante a internação. “O objetivo maior é fazer com que a criança não perca a vivência escolar. Para isso, entramos em contato com o local em que está matriculada ou, quando não é possível, selecionamos atividades compatíveis com o nível da criança e fazemos esse acompanhamento durante todo o período de internação”, explica Jaqueline Dantas. 

Vitória, que ainda está com as mãos imobilizadas devido às queimaduras, iniciou as atividades de forma oral, com acompanhamento da pedagoga em seu leito, e agora, após sua alta hospitalar, seguirá realizando as tarefas, inicialmente, em casa.  A empolgação  com a vida pedagógica recém-iniciada é grande. “Eu amei começar a estudar, estou gostando muito de aprender coisas novas”, afirma. 

Além do material entregue pela escola, a equipe ainda presenteou Vitória com outros itens escolares e também realizou o cadastro na creche para seus irmãos gêmeos, que agora aguardam as vagas. “Temos tido sucesso nessas intervenções. As crianças já recebem alta com a vaga garantida, com o apoio das secretarias. Ficamos felizes em ajudar a Vitória a se recuperar e seguir a sua vida de forma plena,  como toda criança merece”, diz Jaqueline. 

Outros serviços

Segundo a enfermeira do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital  João XXIII Daniela Mello, depois da alta hospitalar os pacientes recebem, quando necessário, doação de malha compressiva, de alto custo, e de placas de silicone para tratamento de cicatrizes que não estão evoluindo bem. 

Além disso, todas as crianças do CTQ, no dia de sua alta, saem fantasiadas do hospital. “Elas ficam ansiosas aguardando pelo momento da alta e pelo traje surpresa”, afirma a enfermeira do CTQ Daniela Mello. “Quando saem com as partes do corpo enfaixadas, acabam chamando atenção por onde passam. Mas, no momento em que deixam o hospital fantasiadas, as pessoas veem ‘super-heróis e princesas'", explica.

“É uma forma de dar privacidade para que a criança não seja questionada o tempo todo sobre os curativos. Contribui muito para a sua autoestima, pois ela se percebe inteira, bonita e capaz, independentemente da marca no corpo”, completa a pedagoga Jacqueline Dantas.

De acordo com o pai, Vitória aprovou. “Ela gostou demais de sair caracterizada. Ela já tinha uma fantasia da personagem Bela, mas acabou sendo queimada durante o incêndio”. 

As fantasias são doadas por servidores da Fhemig e pela ONG “Criança que sonha”.
“Sempre que temos demanda, solicitamos à ONG a fantasia do tamanho que precisamos”, conta a pedagoga. 

Quem tiver interesse em realizar doações de fantasias, deve entrar em contato diretamente com a ONG pelos telefones (31) 99979-3828, 99928-6556 ou 98717-7074. 

Por Aline Castro Alves