18/02/2020

UCCI do CHPB promove autonomia e qualidade de vida para pacientes e suas famílias

Primeiros pacientes apresentam melhora efetiva em curto prazo

Em pouco mais de um mês de funcionamento, a Unidade de Cuidados Continuados Integrados (UCCI), do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB), da Rede Fhemig, já apresenta resultados expressivos, com melhoria das condições de saúde dos pacientes em um período inferior a 30 dias.

De acordo com o neurologista Rodrigo Moura, de modo geral, a equipe trabalha com o prazo de 30 dias para os resultados, no entanto, todos os pacientes têm apresentado uma recuperação mais rápida que o esperado. “Esses resultados são fruto do trabalho integrado da equipe multidisciplinar. A gente não hierarquizou nada, é uma equipe efetivamente multidisciplinar, todas as decisões são tomadas em conjunto, vendo o paciente como um todo”, ressalta o médico.

Esse é o caso da cuidadora de idosos, Ângela Maria da Silva, de 53 anos. Primeira paciente da UCCI, ela mora em Caranaíba, cidade localizada a 60 km de Barbacena. Dona Ângela, como é carinhosamente chamada pela equipe de profissionais da unidade, deu entrada no dia 13 de janeiro. Ao chegar, com quadro de acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico e hipertensão arterial, ela não falava, não conseguia sentar-se e estava um pouco deprimida.

Após, aproximadamente, 15 dias de tratamento, Ângela já andava com o auxílio de andador ortopédico, conseguia articular diversas frases e ensaiava alguns sorrisos. “O atendimento é bom e o pessoal também. Todo mundo foi bom para mim”, resume com um discreto sorriso.

Prevenção à reinternação

A UCCI atende pacientes que, apesar de estarem em condição de receber alta hospitalar, apresentam uma doença de base ou se encontram em fase de recuperação de um processo agudo, com perda recente e transitória de autonomia potencialmente recuperável. São pacientes estáveis, do ponto de vista clínico, mas que necessitam de cuidados, em intensidade ou frequência elevada, inviáveis de serem prestados em contextos alternativos, como domicílio, ambulatório ou residências/lares de longa permanência.

A unidade exerce papel fundamental na prevenção à reinternação em decorrência de complicações das comorbidades, uma vez que os pacientes, e seus familiares, não estão preparados para lidarem com a nova realidade resultante das limitações adquiridas. Daí a importância da UCCI para a qualidade de vida dessas pessoas que apresentam, entre outros, quadros de acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico ou hemorrágico, trauma raquimedular, politraumatizados, úlcera de decúbito e pós-cirurgia ortopédica.

Proximidade

Além da assistência da equipe multiprofissional que a acompanha, Ângela também conta com o apoio de seu filho, Luiz Estevão, que reveza com os irmãos para estarem ao lado da mãe. A proximidade com os familiares integra o projeto terapêutico da UCCI, que prevê o treinamento do acompanhante para lidar com as incapacidades irreversíveis do paciente no seu dia a dia e em sua vida familiar, pois a família exerce papel fundamental para a recuperação, ao se engajar no processo de reabilitação.

Nesse contexto, os acompanhantes dos pacientes, que residem fora de Barbacena, também contam com uma Casa de Apoio na qual ficam hospedados durante o tratamento de seus familiares, de modo que eles possam estar presentes durante toda a internação, o que possibilita o fortalecimento do vínculo familiar.

Alta responsável

A UCCI iniciou suas atividades no dia 06 de janeiro deste ano, como um investimento da Fhemig destinado a receber pacientes adultos, de ambos os sexos, da Região Ampliada de Saúde Centro-Sul, internados no Hospital Regional de Barbacena Dr. José Américo (HRB). A unidade tem como objetivo a alta responsável daqueles que apresentam alguma incapacidade e estão clinicamente estáveis. Nesse primeiro momento, serão disponibilizados 15 leitos, dos 25 leitos que a UCCI tem capacidade para atender.

Paralelamente, o projeto da UCCI para atender pacientes oriundos de toda a Região Ampliada de Saúde Centro-Sul tramita nas demais instâncias, a fim de obter a habilitação do Ministério da Saúde.

Projeto terapêutico singular

Uma equipe multiprofissional, composta por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, assistente social, psicólogo e nutricionista, realiza a recuperação neurofuncional e social das pessoas atendidas na UCCI. Para isso, é feita uma avaliação inicial e elaborado o projeto terapêutico singular (PTS), com as propostas que vão ser trabalhadas no período de internação que não deve ultrapassar 90 dias.

O neurologista Rodrigo Moura ressalta que o tempo é um fator crucial no processo de reabilitação desse tipo de paciente. Segundo ele, “a relação de proximidade entre o HRB e o CHPB tem um impacto enorme para a recuperação num período inferior a 30 dias, ao promover a reabilitação precoce e suprir a falta da assistência em reabilitação após a alta hospitalar”, pontua.

De acordo com o fisioterapeuta Carlos Henrique Vale, existe uma lacuna no serviço público de saúde que a UCCI vem suprir. “É uma lacuna entre a internação em um hospital geral e o retorno ao convívio sociofamiliar. A gente faz a reabilitação em todas as suas perspectivas, amparados por uma equipe médica e de enfermagem, salienta o fisioterapeuta.

Humanização

O professor do ensino fundamental e médio, João Batista Augusto, de 52 anos, da cidade de Santa Bárbara do Tugúrio, que fica a 30 km de Barbacena, foi o segundo paciente a ser internado na UCCI. Quando chegou, também acometido por um AVC, não conseguia deglutir e apresentava dificuldade até mesmo para engolir a saliva. Em um prazo similar ao de Dona Ângela, ou seja, em, aproximadamente, 15 dias, já apresentava melhoria significativa do seu quadro de saúde e teve alta no dia 14 deste mês.

“Esse trabalho é indiscutivelmente necessário para a região. É uma forma de humanização. Os profissionais são de uma humanidade incrível, o trabalho é de altíssima qualidade. Tem hora que eu nem acredito que sou tão bem tratado. Minha recuperação tem sido tão rápida devido à atenção que tenho recebido aqui. É um trabalho de qualidade e muito bem executado. Isso deixa a gente com esperança”, revela o professor.

A tia de João, a técnica de enfermagem aposentada, Dalva Ferreira, que o acompanha na UCCI, afirma que os profissionais trabalham “com vontade e com amor. Eu estou fazendo propaganda do serviço”, assegura. “Todos os profissionais, do faxineiro ao doutor, tratam a gente com respeito”, sublinha Dalva.

Construção coletiva

O projeto da UCCI nasceu a partir do momento das altas dos pacientes de longa permanência do CHPB e da necessidade de atender à demanda da Região Ampliada de Saúde Centro-Sul, que abrange 51 municípios e uma população de pouco mais de 787 mil pessoas. “Diante da possibilidade de um grande número de altas, o Colegiado Geral de Servidores do CHPB iniciou o levantamento de demandas de assistência da macrorregião. Dentre as propostas, a que se mostrou mais viável foi a da UCCI”, resume a gerente assistencial do CHPB, a enfermeira Liliana Neves.

O diretor do CHPB, Wander Lopes da Silva, destaca que “é extremamente gratificante participar deste processo de transformação do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, um hospital de 116 anos que tem a capacidade de se reinventar, de criar um novo serviço para a população dos 51 municípios da Região Ampliada de Barbacena. Dirigir uma equipe que entende seu papel na prestação de serviço à população, uma equipe que apresenta ideias e se debruça sobre a causa é muito confortável. Os caminhos para chegar à implantação do serviço passaram por estudos, apresentações, discussões e construções. Hoje, com o apoio de todos e da Administração Central da Fhemig, principalmente através da DIRASS e do assessor Tiago Possas, já conseguimos colher resultados como os de Dona Ângela e do Sr. João Batista Augusto. Temos a certeza de que fizemos a escolha certa em implantar a UCCI no CHPB e podermos continuar prestando serviços em saúde para a população de Barbacena e região”, finaliza Wander.

Por Alexandra Marques