27/07/2020

Acidentes com moto continuam sendo o principal motivo de atendimento no João XXIII

Mesmo em tempos de isolamento social, devido à pandemia do Coronavírus (Covid-19), em que o número de pessoas e veículos circulando nas ruas é consideravelmente menor, os acidentes com motociclistas continuam ganhando destaque e sendo o maior número de atendimento no Hospital João XXII (HJXXIII), referência em traumas na América Latina. Somente no primeiro semestre de 2020 foram atendidas 1940 pessoas vítimas de acidentes com moto, a maioria motoboys, que fazem uso das motocicletas para ganhar a vida. Apesar de menor que o mesmo período do ano passado, quando foram atendidas, de janeiro a junho, 2376 pessoas, o número de acidentes continua sendo motivo de preocupação. Isso porque, no Brasil, por ano, cerca de 150 mil pessoas morrem vítimas de acidentes com moto e outras cerca de 450 mil ficam com sequelas permanentes.

Por isso, hoje, no Dia nacional do Motociclista, é importante lembrar dos cuidados a serem tomados, especialmente neste momento em que os serviços de entrega têm crescido a cada dia, devido ao isolamento social e, consequentemente, o número de motoboys pela cidade. Somente no mês de abril, a procura pelo cadastramento em aplicativos que realizam esses serviços cresceu 200%.

Segundo o diretor clínico e cirurgião geral e do trauma do HJXXIII, Rômulo Andrade Souki, a grande maioria das vítimas de acidentes com motocicletas são os jovens do sexo masculino, sendo que, em grande parte dos casos, as vítimas são reincidentes, ou seja, já se acidentaram outras vezes pelo mesmo motivo. É o caso do Raphael Augusto Ferreira dos Santos (foto abaixo), de 26 anos, que trabalha de motoboy há dois e já se acidentou duas vezes com moto (uma delas antes de começar a trabalhar como motoboy). Internado no João XXIII, ele ainda pode se considerar sortudo por ter machucado “apenas” o braço e a perna. “Estava usando todo o equipamento de segurança”, ressalta ele.

foto acidentadomoto

São esses dispositivos de segurança que que vão ajudar a minimizar o impacto do acidente, como destaca o médico.  “Por absorver parte da energia transmitida, o impacto é menor no corpo da vítima”, explica Rômulo. “O uso do capacete ajuda a minimizar o trauma craniano, assim como as botas podem prevenir os traumas nos membros inferiores”, exemplifica. Mas, além disso, cuidados básicos como se manter sob a visão dos veículos de maior porte e não andar nos “corredores” (principalmente em alta velocidade) que se formam nas vias, entre os carros, evitam grande parte dos acidentes.

E por falar em velocidade, ainda segundo o cirurgião, o trauma automobilístico, qualquer que seja, está diretamente relacionado à ela, ou seja, quanto maior a velocidade na hora do acidente, maior a gravidade dos traumas. Ainda mais com motocicletas, onde o impacto é quase sempre direto no corpo do motorista. “O mecanismo de trauma de moto é imprevisto. Tudo vai depender das regiões do corpo que vão sofrer o impacto. Chamamos de trauma multissistêmico quando várias regiões do corpo são acometidas. E pioram com a velocidade e a ejeção do piloto da moto”, afirma Rômulo.

Campanha

Este ano, a Campanha Educativa “Ande Seguro CDL/BH”, em sua 8ª edição, terá 10 paradas em diferentes regiões de Belo Horizonte, de 07 de julho até 10 de setembro, às terças e quintas-feiras, entre 10h e 16h. O objetivo é conscientizar os motociclistas sobre a importância do uso de equipamentos de segurança, da manutenção preventiva da motocicleta e da pilotagem segura, ajudando a reduzir o índice de acidentes com motos.

Durante as abordagens será realizada uma pesquisa quantitativa e oferecidos, além de um check-up na moto, cartilha educativa, kit lanche, instalação de antena anti-cerol, sorteio de brindes (capacete, luvas, jaquetas e outros itens voltados para a segurança do motociclista), kit higiênico (álcool em gel e sabonete) e instruções higienização.

Além disso, a ocasião será aproveitada para a realização de uma testagem do covid-19 em massa dos motociclistas com apoio governamental.

 

Por Aline Castro Alves