10/09/2020

Hospital Júlia Kubitschek, um dos maiores hospitais gerais do país, comemora 60 anos, e reafirma importância histórica

10 de setembro de 1960. Neste dia, o então presidente da república, Juscelino Kubitschek, descia triunfalmente de um helicóptero, para inaugurar a nova unidade hospitalar de Belo Horizonte, construída em um enorme terreno localizado no Barreiro e destinada ao tratamento da tuberculose: o Hospital Júlia Kubitschek, cujo nome é uma homenagem à mãe do político. A partir deste dia, cujas memórias estão eternizadas no famoso Livro de Ouro (onde são registrados todos os fatos importantes da unidade desde então), que foi também inaugurado este dia , o HJK se transformou em hospital referência em clínica pneumológica, após estender o tratamento a pacientes com outras patologias pulmonares. Hoje, 60 anos depois, o HJK comemora seu aniversário enfrentando um de seus maiores desafios: a pandemia do Coronavírus.

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Como tudo começou

Em 1949, o Estado de Minas Gerais doou ao SESC (Serviço Social do Comércio) grande parte da antiga Fazenda Bom Sucesso, localizada no Barreiro, e que era usada para pasto de animais de propriedade do Governo. Na época, o diretor do SESC, Luis Carlos Portilho, desejava construir um hospital destinado ao tratamento da tuberculose, já que a doença era comum entre trabalhadores do comércio. O terreno, de 250 mil m2, era perfeito para as pretensões do diretor, já que possuía uma enorme área verde, e consequentemente, bastante “ar puro”, ideal para as condições dos portadores da tuberculose. Em 1957, quando a construção do hospital foi concluída, verificou-se a impossibilidade do SESC em administrar uma instituição de grande porte como aquela. Poucos meses depois, o presidente Juscelino Kubitschek determinou a realização de um condomínio de entidades previdenciárias, cuja escritura foi assinada em 1958, com a finalidade de o consórcio comprar e administrar o enorme hospital.

O hospital de tisiologia, já tendo como patrona Dona Julia Kubitschek, mãe do presidente, foi inaugurado oficialmente em 10 de IMG 20200826 WA0004setembro de 1960. Neste dia, o hospital já não seria apenas dos comerciários, mas atenderia a todas as categorias profissionais. Ao longo dos anos, as necessidades de saúde da população mudaram, e, gradualmente, foram incorporados outros recursos e especialidades médicas que contribuíram para tornar o HJK, atualmente, um dos maiores hospitais gerais do Estado de Minas Gerais. No início dos anos 80, atendendo aos desejos de entidades médicas e de associações comunitárias, o HJK foi transformado em Hospital Regional, quando era o único hospital a atender a região do Barreiro, na época, com aproximadamente 400 mil pessoas.

Hoje, a unidade atua com excelência nas áreas de tisiologia, pneumologia e cirurgia torácica, atendendo ainda outras especialidades médicas (cardiologia, urologia, pediatria, clínica médica, cirurgia geral, obstetrícia, odontologia, pré-natal). Atende as urgências e emergências em clínica médica, cirurgia geral, neonatologia e gineco-obstetrícia. O setor de Urgência do hospital se destaca pelo alto número de atendimentos. O HJK ainda presta atenção integral aos pacientes com doenças complexas, como fibrose cística, hipertensão pulmonar e mioneuropatias. Além disso, é considerado referência secundária em gravidez de médio e alto risco, com serviços de assistência integral à saúde da mulher e da criança. Por ano, são em média 32 mil atendimentos ambulatoriais, 10 mil internações, e mais de 450 mil exames realizados na unidade. O HJK conta hoje com 282 leitos e 1605 servidores.

Os gestores sobre o “Júlia”

Para o diretor geral, Samar Musse Dib, que iniciou sua atuação na unidade em 2012 como plantonista, estar na direção de um hospital com a importância histórica do HJK é viver um desafio. “Quando se sabe um pouco da história deste hospital e das pessoas que já passaram por ele, tomamos conhecimento que sempre se conhece alguém que já passou aqui como paciente, vislumbramos grandes nomes de servidores e o próprio presidente Juscelino Kubitschek, que faz parte desta história. Olhar para o passado, fazer parte da responsabilidade do presente, e dar continuidade para o futuro é desafiador”, avalia Samar. O diretor também destaca a importância da relação do hospital e funcionários com a comunidade do Barreiro. “O HJK tem essa importância e responsabilidade em ser o hospital de portas abertas referência para a região, que atende e acolhe bem o usuário, e onde a comunidade se sente segura, ao procurar um serviço de saúde”, explica o diretor.

Projeto Lean HJK

O presidente da Fhemig, Fábio Baccheretti, lembrou com carinho do tempo em que atuou no HJK, desde os seus primeiros anos como médico, até 2018, quando era diretor da unidade. Segundo o gestor, foi na unidade onde ele teve as mais importantes experiências profissionais, e teve a oportunidade de entender e vivenciar o SUS. “Levo um grande aprendizado do HJK, tendo trabalhado com grandes profissionais, referências em todas as áreas, e tendo tido uma vivência profissional muito intensa. Tornei-me uma pessoa melhor trabalhando lá. Vamos trabalhar para que o hospital cresça cada vez mais, e continue prestando a assistência qualificada que oferece”.

A ginecologista e obstetra, e gerente assistencial do HJK, Inessa Bonomi, está desde 2008 na unidade, tendo atuado como Supervisora da Residência Médica de GO, Gerente de Apoio Diagnóstico e Terapêutico, e Diretora Geral. “Sempre trabalhei intensamente pra mostrar o valor e a importância do nosso querido Júlia Kubitschek”, afirma Inessa. Desde então, já celebrou diversas conquistas, mas se lembra com carinho daquelas relacionadas à modernização do hospital. “A reforma da Ala G e do Ambulatório de Especialidades foram momentos marcantes, já que nos possibilitou oferecer uma infraestrutura mais adequada aos usuários e servidores. O Júlia é um hospital maravilhoso, da década de 50, e que precisa ser constantemente renovado”, ressalta.

Para o futuro próximo, Samar Musse afirma que os principais projetos são a finalização das obras, a melhoria do parque tecnológico e a otimização dos processos. “O HJK possui profissionais altamente capacitados, que necessitam atuar com melhor infraestrutura e tecnologia para dar apoio e suporte que o usuário do SUS necessita. Além disso, para nós, é uma conquista poder ver a solidificação e melhoria de processos gerados por uma gestão compartilhada e efetiva”, completa Samar. Já Inessa, espera que o hospital seja reconhecido como de importância Estadual nas áreas em que atua com excelência: doenças respiratórias (pneumologia, tisiologia, doenças raras e cirurgia torácica), materno infantil e cirurgia geral/oncológica. “A grande riqueza do nosso hospital são as pessoas, que precisam ser aplaudidas, valorizadas e reconhecidas”, finaliza ela.

Ela viu a história acontecer

A enfermeira Beth Mendes, 62 anos, se prepara para sua aposentadoria após 37 anos de atuação no HJK. Durante quase quatro décadas, a profissional presenciou momentos históricos, desenvolveu trabalhos importantes, conquistou a admiração de colegas e chefias e fez grandes amizades. Quando Beth entrou para o HJK, a unidade era um hospital de tisiologia e os pacientes permaneciam por muito tempo no local – alguns, por mais de um ano.

Cinema

Nesta mesma época, foi criado um conselho de saúde, com membros do hospital e da comunidade do Barreiro. “Com o advento do tratamento da tuberculose, a permanência dos pacientes diminuiu, e o hospital precisou se reinventar. O Conselho de Saúde, muito atuante, trouxe a população para dentro do hospital, e foi com esse apoio que conseguimos transformar o HJK em um Hospital Geral”, conta a profissional sobre a mudança de perfil da unidade, em 1986.

Beth passou por vários setores do hospital: começou na ala de tisiologia, passando pela pneumologia e clínica médica. Foi chefe do serviço de enfermagem, diretora de apoio em diagnóstico terapêutico e gerente administrativa do hospital. “Pude desenvolver meu trabalho com autonomia, e de forma muito humanizada. O trabalho que realizei com os pacientes na ALA H é lembradoa até hoje por alguns médicos”, revela a enfermeira, que teve como reconhecimento o recebimento da medalha da Saúde, em 2006, primeiro ano em que ela foi entregue a um profissional da enfermagem.

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Beth recorda-se de momentos especiais no HJK, como de assistir filmes no Teatro Júlia Kubitschek (foto acima), originalmente projetado para ser utilizado como cinema aos moldes dos anos 50/60, quando foi construído, mas apresentando palco, camarins e balcão superior. “Lembro de assistir filmes no cinema, quando eram exibidos aos pacientes, às quartas e domingos”, recorda Beth. O cinema foi reinaugurado em 2018, e hoje é utilizado como espaço para eventos. Outro evento inesquecível para ela, foi o da chegada do primeiro tomógrafo na unidade. “No final dos anos 80, chegou um tomógrafo enviado pelo Governo, que ficou encaixotado durante muito tempo, e a gente lutando para que ele fosse montado. Quando achamos que iam montá-lo, o governador da época mandou um documento, dizendo que o tomógrafo iria para outra unidade. Foi feito um grande movimento no Barreiro, com a participação do Conselho. As pessoas abraçaram o hospital, deitaram-se no chão. A carreta entrou no hospital, mas não saiu com o tomógrafo”, conta a profissional.

Com a chegada da aposentadoria, Beth se despede do HJK, mas leva os aprendizados e memórias de um uma vida dedicada ao hospital. “Só quem trabalhou no ‘Júlia’, sabe o lugar incrível que é. O HJK sempre será a minha casa, pois é em casa que a gente se sente bem e seguro”, diz Beth.

Hospital de Ensino

A transformação do HJK em hospital geral e o atendimento a uma grande diversidade de patologias consequentemente foi desenvolvendo a expertise das equipes e o interesse dos profissionais mineiros em atuarem na unidade, fazendo surgir os primeiros programas de residência em 1994. Com o surgimento do Núcleo de Ensino e Pesquisa (NEP), no início dos anos 2000, e sua posterior ampliação, as ações e capacitações, tendo como base a prática como fonte do conhecimento, de modo que o profissional atue ativamente no processo educativo, foram se multiplicando. Desde 2011, o Júlia Kubitschek é credenciado como hospital de ensino, oferecendo sete programas de residência médica, sempre disputados, além de campos de estágio curricular para diversas profissões de saúde.

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 “Ser certificado como Hospital de Ensino é como receber um ‘selo de qualidade’, que reconhece a instituição como adequada para o desenvolvimento de boas práticas assistenciais e educativas. Nosso objetivo é a formação de recursos humanos, produção de conhecimentos, tecnologia e pesquisa em saúde para o SUS, afirma a coordenadora do NEP, Thaís Ribeiro.

De acordo com Thaís, o HJK realiza frequentemente ações educativas internas, como treinamento em serviço realizadas por profissionais do próprio quadro de pessoal e que possuem expertise nas áreas de atuação a serem desenvolvidas. “Alguns exemplos são: Uso adequado de EPIs, IOT Sequência Rápida, Noções Básicas de Ventilação, Coleta de Swab e Pronação. São também desenvolvidas reuniões clínicas multidisciplinares que tem como objetivo a melhor condução clínica em diagnósticos dos pacientes, nas áreas de Pneumologia, Ginecologia/Obstetrícia, Cirurgia Geral e Torácica”, cita a também fonoaudióloga.

ResidenciasAtualmente o HJK é campo de prática para 04 (quatro) tipos de Internato de Medicina, além de disciplinas básicas e prioritárias para os cursos de Enfermagem, Odontologia e Medicina. O recebimento de acadêmicos, segundo Thaís, estimula a atualização da equipe hospitalar. “Também incentivamos a participação em eventos externos que sejam viabilizados pela Fhemig ou que sejam da área de interesse do profissional e que tenha afinidade à sua função em congressos, cursos, seminários”.

Desde 1994, o HJK já especializou mais de 700 profissionais em seus programas de residência, (médicas e multiprofissionais).

 

Maternidade

A maternidade do HJK é considerada hoje uma referência em gestação de alto risco e no atendimento à pessoa em situação de violência sexual, mas para conquistar o reconhecimento que possui hoje, passou por alguns percalços. A unidade, inaugurada em 1993, com o fechamento do serviço no Hospital Sarah Kubitschek, surgiu de forma improvisada, quando o hospital ainda não possuía uma estrutura física adequada para receber uma maternidade de grande porte. “Foram transferidos para o HJK os profissionais de várias categorias profissionais, inclusive os médicos residentes de Ginecologia Obstetrícia. Foi iniciado aí o Programa de Residência em Ginecologia Obstetrícia do HJK, inicialmente com 5 vagas, ampliada mais tarde para 7 vagas”, conta a coordenadora administrativa do setor, Maria Patrícia Azevedo. Com uma equipe de profissionais de excelência, os problemas foram superados e o reconhecimento da maternidade pelo trabalho realizado não parou de crescer.20200620211450718800e

Segundo Patrícia, que atua há seis anos na unidade, a Maternidade é uma grande família com três coordenadoras e aproximadamente 160 servidores, e trabalhar com no local é um aprendizado diário. “A coordenação me ajudou a desenvolver empatia, melhorar a minha escuta à demanda do paciente, do servidor, que em alguns momentos precisam apenas 'desabafar', aliviar a dor, a angústia do momento. Já ouvi choro de paciente que recebe uma má notícia, um diagnóstico de câncer. Mas ouvi também muito choro de alegria pela descoberta do sexo do bebê, de paciente que descobriu que não é infértil, felicidade dos pais quando veem a carinha do filho pela primeira vez na sala de parto”, conta Patrícia.

Atualmente, a Maternidade faz parte do Programa Rede Cegonha, é referência no atendimento à gestante de alto risco para a região do Barreiro, e tem o título de Hospital Amigo da Criança. A presença das Doulas voluntárias – treinadas na própria maternidade - nos plantões, faz parte da assistência humanizada à paciente, realizando atividades no alívio da dor sem métodos farmacológicos, como massagens, escalda pés, deambulação. É referência também no atendimento de urgência 24h/dia para as vítimas de violência sexual, pacientes de ambos os sexos e todas as idades, e acompanhamento multiprofissional – médica ginecologista, psicóloga e assistente social - no ambulatório NAIVIDAS. A maternidade ainda conta com a Casa da Gestante, um espaço destinado a abrigar gestantes de alto risco que estão em boas condições clínicas, mas necessitam de pronto atendimento quando necessário, e para isso contam com uma assistência multiprofissional. Além disso, a Casa hospeda mães de recém-nascidos que precisam acompanhar seus filhos internados na UTI Neonatal, que é um direito garantido por lei às crianças.

MaternidadeDurante o período de pandemia Covid-19, a maternidade é referência preferencial para o atendimento às gestantes com síndrome gripal, e para isso foi totalmente adaptada para realizar os atendimentos, disponibilizando consultório, sala de parto, pré-parto e enfermaria específicos para essas pacientes. “Procuro sempre ficar atenta ao emocional dos servidores, especialmente nesse período de pandemia, que tem sido muito desgastante para todos nós. As mudanças de protocolo e processo acontecem muito rapidamente, e mais rapidamente deve ser a nossa adaptação e atualização. Os equipamentos de proteção individual (EPI's) que antes eram usados por alguns, hoje passou a ser utilizados em tempo integral e por todos, como parte do uniforme, inclusive o pessoal da área administrativa. Percebo que com a pandemia aumentou o cuidado de uns com os outros, estreitando os laços de amizade”, conta Patrícia.

A Maternidade realiza aproximadamente 200 partos/mês, sendo referência no atendimento à Gestante de alto risco para a região do Barreiro, distritos de Ouro Preto e Mariana. O Ambulatório Saúde da Mulher realiza aproximadamente 1.000 consultas e ultrassons/mês.

Doenças Raras

O ambulatório de doenças raras do Júlia Kubitschek, que atende cerca de 1400 pacientes, é referência no atendimento a doenças neuromusculares, como distrofias musculares congênitas e progressivas, doenças neurogenéticas, doenças do neurônio motor não genéticas, como Esclerose Lateral Amiotrófica Esporádica (ELA) e Esclerose Lateral Primária, Síndrome Pós-Pólio, Síndrome de Guillain-Barrè e doenças relacionadas a Hipertensão Pulmonar. Para o atendimento, a unidade conta com equipes multidisciplinares formadas por médicos pneumologistas e geneticistas, além de fisioterapeutas respiratórios, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, e assistentes sociais.Ventilao mecnica

Segundo o coordenador do setor de Distrofias do HJK e membro do Centro de Referência para Tratamento de Doenças Neuromusculares no Brasil, Mauro Vidigal, a especialidade do setor do HJK é a ventilação mecânica domiciliar, e o atendimento dos pacientes nas fases mais iniciais, como aqueles com fraqueza muscular e que precisam de auxílio para respirar. “Este paciente também costuma ter dificuldade para tossir, então ajudamos com técnicas manuais. Nosso objetivo é que ele fique o maior tempo possível com uma ventilação não-invasiva”, afirma o médico.

De acordo com Vidigal, mesmo que o paciente não passe por esta fase e vá ao hospital, a equipe multiprofissional consegue evitar complicações e a necessidade de procedimentos de alta complexidade. “Enquanto o paciente não precisar de uma traqueostomia, conseguimos manter uma boa qualidade de vida. Por isso o centro de referência é importante, pois consegue oferecer o atendimento ambulatorial, que é a nossa especialidade, e realizar a internação quando necessário”.

Enfrentamento da pandemia

Diante do crescimento dos casos de covid-19 em Minas Gerais, foi acionada em 27 de maio a segunda onda do Plano de Capacidade Plena Hospitalar (PCPH) da Fhemig, elaborado pela Fundação com as colaborações da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMS BH) e da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de Minas Gerais (SES), sobre a reorganização do fluxo de atendimento nos hospitais da rede. Dessa forma, a Unidade de Emergência do HJK passou a receber apenas os pacientes transferidos e regulados pela Central de Internação de Belo Horizonte (CINT-BH), de acordo com os critérios estabelecidos pelo protocolo assistencial na Unidade de Emergência, sendo os demais casos absorvidos pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), em especial para a UPA Barreiro. “Gerenciar um momento de incertezas, variáveis e lidar com uma rotina que muda rapidamente, com certeza foi e tem sido um grande desafio, mas também uma fase de grandes aprendizados, tanto na parte assistencial quanto administrativa”, diz Samar.

 

 Por Anni Sieglitz