07/01/2022

Parceria entre HJXXIII e UFMG produz pesquisa pioneira

Uma pesquisa pioneira conduzida pelo grupo de estudo de lesões encefálicas traumáticas de Minas Gerais, que reúne pesquisadores da Faculdade de Medicina e do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do Hospital João XXIII (HJXXIII) e da Santa Casa de Belo Horizonte, abre caminho para novas perspectivas de abordagem do traumatismo cranioencefálico (TCE) leve. Um dos pesquisadores deste grupo é o neurocirurgião e coordenador do setor de Neurologia do HJXXIII, Rodrigo Faleiro.

A investigação promovida pelos pesquisadores, inédita em humanos (até então era realizada apenas em animais), revela que quando há um trauma craniano, ocorre a elevação de algumas substâncias (enzimas) no sangue. Essa constatação possibilita que uma pessoa, ao sofrer um trauma craniano, possa ser submetida a um exame de sangue para detectar o aumento dessas substâncias que funcionam como indicadores para a necessidade de se realizar um exame de tomografia.

“Se a enzima estiver em níveis normais, ela sugere que o trauma foi de baixa intensidade e não seria necessário fazer a tomografia. Apenas com um exame de sangue, você pode determinar se o trauma foi importante ou não”, explica Rodrigo Faleiro.

Aplicabilidade

O estudo foi publicado no dia 4 deste mês na revista “Neurological Sciences”, editada pela Sociedade Italiana de Neurologia, e chama a atenção para o fato de que, apesar de o traumatismo cranioencefálico (TCE) leve ser a maioria dos casos num contexto mundial de quase 70 milhões de ocorrências de TCE por ano, o que o torna um grave problema de saúde pública, ele ainda não recebe a atenção necessária.

Para exemplificar a aplicabilidade dos resultados da pesquisa além do dia a dia da assistência hospitalar, o médico acredita que o exame possa ser usado em jogadores de futebol (e de outros esportes) que apresentem concussão durante uma partida. “Podemos dosar a enzima, se ela estiver aumentada, levaria à necessidade de afastamento por um período, e se estiver normal, o jogador poderia continuar na competição. Isso é só uma das perspectivas que esse estudo abre. Ainda está um pouco longe de se incorporar na rotina do Hospital João XXIII, mas, se em algum momento, o exame de sangue mostrar um custo-benefício interessante, isso pode ser usado na triagem dos pacientes”, conclui o coordenador do setor de Neurologia.

Por Alexandra Marques