20/01/2021

Início da vacinação na Fhemig traz esperança de superação da pandemia

Trabalhadores dos hospitais Eduardo de Menezes (HEM) e do Júlia Kubitschek (HJK) começaram a ser imunizados nessa terça-feira, 19/01.

“A sensação que experimentei ontem, ao receber a vacina, foi de enfim ver uma luz no fim do túnel. De sentir alívio e imaginar que, em alguns meses, a vida poderá voltar à normalidade. Estou trabalhando na assistência à covid-19 desde os primeiros casos e convivemos diariamente com uma apreensão muito grande. Estou muito feliz em ter recebido a vacina e espero que ela chegue logo para toda a população, para que as pessoas também sintam o que eu estou sentindo agora”.


O depoimento de Priscila do Carmo Freitas de Carvalho, enfermeira do Hospital Eduardo de Menezes e uma das primeiras profissionais da Rede Fhemig a receber a vacina contra a covid-19, representa a esperança, em um futuro próximo, do retorno à vida anterior à pandemia. Profissional da linha de frente no atendimento à covid-19, Priscila sabe o que é conviver com o medo diariamente. “Minha avó faleceu dessa doença no ano passado, colegas de trabalho tiveram familiares internados aqui no próprio hospital, atendemos casos de muitos pacientes graves de uma mesma família... tudo isso mexe demais com nosso emocional”, relata. “Mesmo que a doença não acabe, com a vacina, teremos um controle melhor da disseminação e evitaremos casos graves”, pontua. 

Servidores dos hospitais Eduardo de Menezes e Júlia Kubitschek começaram a ser vacinados ontem (19/01), no período da tarde. As duas unidades são as primeiras da Fhemig - maior fundação pública hospitalar do país - a receberem os imunizantes, já que são referências no atendimento a casos de covid-19 na capital mineira. Serão aproximadamente 800 trabalhadores imunizados no HEM e mais de 1.500 no HJK nos próximos dias. Só ontem, no primeiro dia, por volta de 200 trabalhadores, das duas unidades, já receberam a primeira dose. Hoje, dia 20/01, o número de imunizados já passa de 500 servidores.

Natália Vidal de Souza, técnica de enfermagem do CTI covid-19 do Júlia Kubitschek, também recebeu a vacina e relatou que a expectativa para esse momento era enorme. “Estar na linha de frente trouxe medo, incertezas e mudanças, além da angústia a cada paciente que perdíamos ou a cada colega que positivou para a doença. A esperança é que, aos poucos, possamos retornar à nossa vida normal, sem medo de contrair uma doença que evolui tão rápido para agravamento e, até mesmo, a morte”, explica.

O presidente da Fhemig, Fábio Baccheretti Vitor, presenciou o início da imunização no HEM e no HJK. “Esse momento é histórico e nos enche de esperança para que possamos voltar à normalidade das nossas vidas. Ao vacinarmos os servidores que estão diariamente na linha de frente, podemos atuar com mais segurança e qualidade na assistência, não somente para eles, mas, principalmente, para nossos usuários. É um grande avanço, esperado por todos nós desde o início da pandemia”.

Foram encaminhadas aos dois hospitais da Fhemig em torno de 5.000 doses do imunizante - quantitativo que irá garantir também a aplicação da segunda dose nos profissionais. A vacinação se dará diariamente, das 9h às 21h, nas duas unidades. No Júlia Kubitschek, uma sala de treinamento foi destinada para a imunização dos trabalhadores. No Eduardo de Menezes, a sala de vacina, com dois consultórios, atenderá os profissionais da unidade. Os espaços são amplos e permitem manter o distanciamento necessário entre todos.


Vacina: patrimônio nacional

A diretora assistencial da Fhemig, Lucineia Carvalhais, acompanhou o início da imunização no HJK e reforçou a importância do papel da vacina na saúde pública brasileira. “A forma como nós, brasileiros, temos acesso a vacinas por meio do custeio pela saúde pública, o que garante o direito a todos, é um bem precioso, que deve ser tratado como um patrimônio cultural nacional. E isso é algo que está assimilado no inconsciente coletivo, que pode ser observado pelo número de territórios municipais que temos no país e pelo alcance que o programa nacional de imunização consegue ter. A vacinação representa o cuidado com o indivíduo e com o coletivo”, ressalta.

A diretora destacou ainda o importante papel assumido pelos hospitais Eduardo de Menezes e Júlia Kubitschek durante a pandemia. “São unidades de impacto na atenção à saúde em alta complexidade dentro de Minas Gerais. Hospitais que demonstraram sua capacidade de resposta à demanda epidemiológica e sanitária, cuja assistência é feita por pessoas de extremo compromisso, esperança, dedicação, carinho, qualidade técnica e humana. São profissionais que estão tendo altíssimo risco de contato com a doença e são a força de trabalho que garante a assistência daqueles que precisam de hospitalização”. 

Entre esses profissionais que estão lidando diariamente com o risco de contaminação, mas, nem por isso, se eximiram do dever da profissão, está a técnica de enfermagem do CTI covid-19 do Hospital Júlia Kubitschek, Marilene Ferreira, que foi a primeira vacinada na unidade. “Fiquei lisonjeada. Estávamos com muita expectativa pela chegada da vacina, que irá diminuir o sofrimento de muitas famílias no Brasil, com essa doença que ceifou tantas vidas. Estar na linha de frente não é nada fácil, passamos por vários momentos de muita tensão, com medo da doença, de se contaminar e transmitir aos nossos familiares. Porém, com consciência do nosso dever enquanto profissionais de saúde, preparados para estar ali, salvando vidas. Foi uma experiência inigualável que, apesar de tudo, estamos vencendo. Estou esperançosa”, resume.

Para receber a vacina, o servidor não precisa obrigatoriamente apresentar o cartão de vacinação, mas deve ter em mãos documentação com foto e CPF. Como o plano de vacinação é determinado por cada município, seguindo as diretrizes do Ministério da Saúde, as demais unidades da Fhemig receberão as vacinas de acordo com cronograma de imunização do município em que estão localizadas.


Por Fernanda Moreira Pinto
Fotos: Pedro Gontijo / Imprensa MG