09/12/2021

Hospital Regional João Penido inaugura classe hospitalar visando assistência integral e humanizada

Crianças e adolescentes podem continuar seu processo de escolarização e de desenvolvimento cognitivo, afetivo e social durante o período de internação

O Hospital Regional João Penido (HRJP), da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), agora conta com pedagogia hospitalar. O novo serviço tem como objetivo normatizar o cotidiano da criança internada, assegurando a continuidade da construção do conhecimento e o processo de desenvolvimento dos pacientes em idade escolar, além de contribuir para diminuir a angústia gerada pela internação.

“A pedagogia hospitalar garante aos jovens o direito constitucional à educação, ainda que estejam impedidos, temporariamente, de frequentar a escola. Com as aulas, asseguramos a continuidade da escolarização e fortalecemos a autoestima e a condição de ‘ser criança’, encorajando-os neste momento desafiador das suas vidas” , afirma a pedagoga do hospital Giovanna Natália Francisco Godinho. Segundo ela, é um trabalho que envolve a colaboração da família, da equipe assistencial e da escola de origem, se for o caso. 

Para o diretor da unidade, Daniel Ortiz Miotto, incluir esse tipo de atendimento no HRJP contribui para uma assistência mais humanizada. “Passamos a atender as demandas das nossas crianças e adolescentes além das questões clínicas. Isso faz com que a permanência desses pacientes seja um pouco mais leve, já que mantendo os estudos eles acabam se sentindo mais próximos da rotina normal”, afirma o diretor. 

No Hospital Regional João Penido, a idade das crianças assistidas na enfermaria pediátrica vai de 0 a 13 anos e o atendimento médico compreende várias especialidades, com tempo de internação variado, em alguns casos demandando permanências mais prolongadas.

“Por isso, é imprescindível trabalhar uma abordagem holística com esses pacientes, abrangendo, além dos aspectos médicos, as variáveis psicológicas, afetivas, sociais, recreativas e pedagógicas. Alguns estudos apontam que quando os estudantes adoecem, deixando o convívio escolar e seu meio social, sua autoestima é afetada, o que acaba prejudicando também sua recuperação durante o tratamento. Em contrapartida, quando o ambiente hospitalar se torna acolhedor, proporcionando oportunidades para que os jovens sigam suas atividades costumeiras, como estudar, jogar, brincar e conviver com outras crianças, o tratamento de saúde se torna bem mais eficaz”, explica a pedagoga.

Metodologia

Em razão da pandemia de covid-19, as atividades pedagógicas têm acontecido, inicialmente, duas vezes por semana, com duração de 40 minutos, no leito do paciente, desde que suas condições clínicas permitam. Nos casos em que há necessidade de isolamento do paciente, as atividades são entregues ao acompanhante da criança.  

“Buscamos desenvolver atividades de acordo com a faixa etária e o período de escolarização de cada um, além de valorizar momentos lúdicos e recreativos. A diferença é que ao planejar uma tarefa, tem que se considerar o estado de saúde atual da criança e suas limitações e potencialidades. Para os que necessitam de longa permanência no hospital, nossa proposta é que o plano de estudo seja elaborado em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), além de fazer a ponte com a escola de origem da criança, quando ela já está matriculada”, afirma Giovana. 

Segundo ela, os pais têm se mostrado entusiasmados com a nova prática na enfermaria. “A experiência de ver os filhos em momentos descontraídos, mais próximos do seu cotidiano, traz tranquilidade para eles também. Alguns pais aproveitam, inclusive, a oportunidade para esclarecer dúvidas sobre dificuldades de aprendizagem dos filhos e sobre o retorno à escola após a alta”, conclui a pedagoga.

Por Aline Castro Alves