19/10/2022

Calor propicia acidentes com animais peçonhentos


O CIAToxMG, do Hospital João XXIII, alerta que, em épocas mais quentes, aumentam em cerca de 20% o número de casos desses acidentes totalizando uma média de 3.800 por ano

Com as temperaturas mais elevadas, é importante estar atento aos animais peçonhentos, que saem dos seus esconderijos para reproduzir e procurar alimentos. A situação se agrava ainda mais com o alto volume de chuva na região sudeste nesta época do ano, fazendo com que os escorpiões sejam desalojados do esgoto, onde vivem, e migrem para o interior das casas. Somente no ano passado, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Minas Gerais (CIAToxMG), localizado no Hospital João XXIII (HJXXIII), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), atendeu 1541 casos de acidentes com escorpiões, 579 de lagartas, 762 de aranhas, 656 de serpentes e 141 de abelhas. 

Segundo o médico coordenador do CIAToxMG, Adebal de Andrade Filho,  no Brasil, existem mais de 300 espécies de serpentes e mais de 30 mil de aranhas. No entanto, ele explica que são poucas que provocam acidentes de relevância clínica. Em nosso meio, os animais que possuem toxina mais potente e são responsáveis pelos casos mais graves são os escorpiões, as cascavéis, jararacas, lagartas do gênero Lonomia e as aranhas do gênero Loxosceles, conhecida com aranha marrom, que, à primeira vista, parecem inofensivas, especialmente por serem pequenas”. aranha

O médico lembra que a maioria das picadas acontece nas mãos, braços, pés e pernas. “De maneira geral os animais não atacam. Eles se defendem quando são acuados ou importunados em seu habitat”, afirma.

Prevenção

Manter a casa limpa, evitando acumular alimentos e locais que possam servir de abrigo para os animais, é o primeiro passo para diminuir as chances de acidentes. Também é importante sempre conferir, antes do uso, os calçados, roupas e objetos, em geral, que estejam guardados, como toalhas de banho. 

Além disso, o uso de botas de cano alto e luvas de raspa de couro durante a realização de atividades consideradas de risco (trabalhos no mato, manipulação de entulhos, limpezas de porões e sótãos, por exemplo) são essenciais. 

Primeiros socorros

Em casos de acidentes, a primeira providência é localizar o animal responsável pela picada e, se possível, fotografá-lo de diferentes ângulos (cabeça, corpo e cauda), para que a equipe de saúde consiga fazer a identificação correta. “Assim, é possível um tratamento mais rápido e mais específico, melhorando muito o prognóstico do caso”, orienta o coordenador da CIAToxMG. 

Em seguida, recomenda-se lavar o local da picada com água e sabão e procurar uma unidade de saúde mais próxima, onde a equipe médica avaliará o quadro e a necessidade de encaminhamento ou não para outro centro de maior complexidade. “Mesmo que esteja pouco sintomático no primeiro momento, não se deve perder tempo, já que os desfechos menos favoráveis estão relacionados  a pessoas que não receberam o tratamento adequado em tempo hábil”, alerta Adebal. 

Isso porque, segundo ele, os venenos começam a agir logo após a picada, mas em algumas situações pode haver demora de horas para que o paciente apresente algum sintoma.

No caso de acidente com escorpiões em crianças abaixo de sete anos ou pacientes com doenças cardíacas, o perigo é ainda maior e as manifestações podem começar alguns minutos após o acidente.

O médico aproveita para ressaltar, ainda, o que não se deve fazer: “Não fazer torniquete, não furar ou cortar o local da picada, não tentar chupar o veneno, não ingerir líquidos ou alimentos - nem mesmo leite ou bebida alcóolica - e não administrar calmantes”. 

Atendimento 24 horas 

O CIAToxMG funciona dentro do Hospital João XXIII, 24 horas por dia, nos 7 dias da semana, e possui  uma equipe treinada para fornecer informações tanto às vítimas de acidentes provocados por peçonhentos como também a profissionais da saúde, auxiliando no diagnóstico e tratamento à distância.  Os telefones para contato são: (31) 3224-4000, (31) 3239-9308 ou 0800-7226001. 

 

Por Aline Castro Alves 
Fotos: Google Imagens / Arquivo Fhemig