16/02/2024

Terapeutas ocupacionais da Fhemig atuam na melhoria da qualidade de vida dos pacientes

Dinamismo desses profissionais é ponto positivo para usuários do SUS, que encontram atendimento integral e multidisciplinar nas unidades da rede

Em uma instituição como a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), que cuida de muitos pacientes que, por algum motivo, perderam parte de suas capacidades ou funções motoras, o profissional responsável pela reabilitação, total ou parcial, dessas pessoas é de extrema importância. O terapeuta ocupacional, que realiza esse atendimento, é especializado em auxiliar pacientes com dificuldades nas atividades diárias e proporcionar suporte e soluções para esses problemas.

O profissional avalia as habilidades dos pacientes, desenvolve planos de tratamento personalizados e utiliza técnicas para melhorar a coordenação, destreza, força e cognição, visando restaurar a independência e melhorar a qualidade de vida dos atendidos. “Essa abordagem envolve a avaliação de necessidades individuais de cada paciente, levando em consideração suas limitações físicas, cognitivas, sensoriais, psíquicas e sociais, geradas por diversos comprometimentos e patologias”, explica a terapeuta ocupacional da diretoria assistencial da Fhemig, Kátia Fonseca.

A Terapia Ocupacional (TO) tem um impacto positivo no contexto hospitalar, contribuindo para a melhoria do bem-estar físico, emocional e social dos pacientes. “Por meio de atividades significativas adaptadas às necessidades de cada indivíduo, os terapeutas ocupacionais promovem a recuperação e a autonomia dos pacientes, auxiliando ao seu retorno à vida cotidiana”, ressalta a terapeuta ocupacional do Hospital João XXIII (HJXXIII), Ariane Lopes. Reconhecendo a importância desta área de atuação, a Fhemig vem investindo em sua ampliação, garantindo que mais pacientes disponham dessa especialidade para benefício de todos.

“A TO no hospital está diretamente ligada à humanização, não somente de eventos ou ambiência, mas a humanização beira leito, onde o paciente atua no processo de reabilitação, de acordo com as suas possibilidades. É importante ressaltar que a atuação do terapeuta ocupacional vai além do paciente, ele intervém também com as famílias e/ou cuidadores, estabelecendo uma relação entre a equipe-paciente-família”, completa Kátia.

Na Fhemig, esse profissional atua das mais diferentes formas, a depender dos serviços oferecidos na unidade em que se encontra, sempre favorecendo uma reorganização dos cuidados em saúde - proporcionando períodos de internação mais curtos, preparando o paciente para a alta e, em caso de necessidade, fazendo a contrarreferência para a rede, considerando a especificidade de cada caso.

Conheça o trabalho de três profissionais de terapia ocupacional da Fhemig, que diariamente levam mais esperança e qualidade de vida aos nossos usuários.

Hospital João XXIII: referência em traumas graves

Ajudar os pacientes a recuperarem suas habilidades e retomarem suas atividades diárias: essas são as principais metas de Ariane Lopes. Formada desde 1996 pela Faculdade de Ciências Médicas, ela atua no HJXXIII desde 2017, e atualmente trabalha, principalmente, com vítimas de queimaduras (casos médios e graves) nos cuidados semi-intensivos. O trabalho realizado por Ariane envolve a avaliação e o tratamento das limitações físicas, emocionais e funcionais desde a chegada ao serviço. Isso pode incluir atividades para melhorar a mobilidade, a função das mãos, a coordenação, o autocuidado e a reintegração social.

“A minha atuação se diferencia de outras unidades hospitalares em vários aspectos, pois além do atendimento ao paciente agudo e geralmente politraumatizado grave, ofereço apoio na adaptação ao ambiente doméstico e do trabalho, para facilitar sua independência, e ensino o uso adequado de próteses e órteses”, detalha Ariane.

De acordo com ela, a interação com a equipe multiprofissional é muito dinâmica e eficiente. “Conseguimos oferecer um atendimento integral e eficaz aos pacientes. Por meio dessa comunicação é possível uma abordagem mais completa e personalizada para cada paciente, que visa garantir um cuidado de qualidade mais abrangente”, finaliza.

Admiração pela profissão 

Um acidente na piscina em agosto de 2023 provocou em Maria Júlia Sales, de 26 anos, uma fratura na cervical e uma lesão medular, o que resultou em uma tetraplegia momentânea. A jovem teve que passar por uma cirurgia no HJXXIII, e segundo ela, desenvolveu uma grande admiração pela terapia ocupacional, durante sua internação na unidade semi-intensiva.

A Ariane, profissional que me atendeu, ressignificou a minha compreensão sobre a condição do meu corpo e me permitiu entender o que ele era capaz de fazer”, conta Maria Júlia. Segundo ela, apesar de não conseguir mais fazer o que fazia antes do acidente, aprendeu como se reinventar. “Quando já estava mais ativa, na enfermaria, passei a adaptar tudo o que era possível: usar o telefone, escovar os dentes e comer. Tudo o que aprendi no hospital, trouxe para casa e fui aprimorando a cada dia, o que foi fundamental para eu ter uma qualidade de vida enquanto me recupero”.

Hoje, Maria Júlia torce para que todos os pacientes, que passaram pelo mesmo que ela, tenham o mesmo atendimento que ela teve. “Só tenho gratidão”, finaliza.

Hospital Eduardo de Menezes: diversificação na assistência

No Eduardo de Menezes, o foco da terapia ocupacional é diferente. Gabriela Almeida atende pacientes com acometimentos neurológicos diversos, que normalmente são consequência de doenças infectocontagiosas ou dermatológicas, ou mesmo com intercorrências devido a uma internação prolongada.

Os profissionais da unidade também atendem pacientes com quadros psiquiátricos diversos (depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, usuários de múltiplas substâncias psicoativas). “Muitas vezes, os pacientes têm grande vulnerabilidade social, vivem em situação de rua, sem suporte familiar, com várias comorbidades prévias e apresentam dificuldade em aderir ao tratamento proposto, resultando em internações recorrentes”, relata Gabriela.

O setor de terapia ocupacional conta com recursos terapêuticos variados: material para artesanato, pintura, bijuteria, jogos, itens de papelaria, livros e revistas. As atividades se diversificam de acordo com o interesse do paciente ou conforme o objetivo e plano terapêutico traçado para ele durante o tempo que permanecer internado.

De acordo com Gabriela, a atuação da TO na internação do HEM tem um perfil mais generalista, realizando atendimento na área de reabilitação física de adultos e idosos, em saúde mental, realizando confecção de órteses e utilizando de tecnologia assistiva conforme necessidade em cada caso.

Maternidade Odete Valadares: assistindo nos primeiros dias

O principal trabalho de Sylvia Cury como TO na Maternidade Odete Valadares (MOV), onde já trabalha há 13 anos, é a chamada Intervenção precoce – a estimulação do desenvolvimento neuropsicomotor - em recém-nascidos internados que apresentam alto risco em sua saúde. Segundo a profissional, o atendimento favorece a alta segura e proporciona um vínculo mãe/pai/bebê, estabelecendo atividades de co-ocupação (alimentação, banho, vestir) durante a internação, para que seja realizada de forma segura na alta.

“O atendimento terapêutico ocupacional tem como principal objetivo prevenir ou minimizar atrasos no desenvolvimento global do bebê, de forma saudável, orientando e instruindo a família, favorecendo o vínculo entre eles e estimulando a construção do papel ocupacional dos pais”, explica Sylvia. A intervenção acontece diariamente na Unidade de Cuidados Progressivos Neonatal, atendendo às demandas apresentadas pelos bebês e suas famílias, assim como às orientações da equipe.

Por Anni Sieglitz