Dúvidas frequentes sobre doação de órgãos

Como posso me tornar um doador de órgãos?

O principal passo para você se tornar um doador é conversar com sua família e deixar claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, seus familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a sua morte. A doação de órgãos é um ato pelo qual você manifesta a vontade de que, a partir do momento da constatação da morte encefálica, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condições de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas.

O que é morte encefálica?

É a morte do cérebro, incluindo o tronco cerebral que desempenha funções vitais como o controle da respiração. Quando isso ocorre, a parada cardíaca é inevitável. Embora ainda haja batimentos cardíacos, a pessoa com morte cerebral não pode respirar sem os aparelhos e o coração não baterá por mais que algumas poucas horas. Por isso, a morte encefálica já caracteriza a morte do indivíduo. Para caracterizar a morte encefálica do ponto de vista médico e legal, são necessários vários passos (um protocolo). Esse protocolo é estabelecido por lei, e são realizados vários exames do doente por pelo menos 2 médicos, além de um exame de documentação da morte, chamado exame complementar. Todo o processo pode ser acompanhado por um médico de confiança da família do doador. É fundamental que os órgãos sejam aproveitados para a doação enquanto ainda há circulação sanguínea irrigando-os, ou seja, antes que o coração deixe de bater e os aparelhos não possam mais manter a respiração do paciente. Mas se o coração parar, só poderão ser doadas as córneas.

Quais os requisitos para um falecido ser considerado doador?

  • Ter identificação e registro hospitalar;
  • Ter a causa do coma estabelecida e conhecida;
  • Não apresentar hipotermia, hipotensão arterial ou estar sob efeitos de drogas depressoras do sistema nervoso central;
  • Passar por dois exames clínicos que avaliem o estado do tronco cerebral. Os exames devem ser realizados por dois médicos não participantes das equipes de captação e de transplante;
  • Ser submetido a exame complementar que demonstre morte encefálica, caracterizada pela ausência de fluxo sangüíneo em quantidade necessária no cérebro, além de inatividade elétrica e metabólica cerebral;
  • Estar comprovada a morte encefálica. Situação bem diferente do coma, quando as células do cérebro estão vivas, respirando e se alimentando, mesmo que com dificuldade ou um pouco debilitadas.
  • Após diagnosticada a morte encefálica, o médico do paciente, da unidade de terapia intensiva ou da equipe de captação de órgãos, deve informar, de forma clara e objetiva, que a pessoa está morta e que, nesta situação, os órgãos podem ser doados para transplantes.
  • A doação de órgãos após a morte não viola o corpo do doador. Sua aparência física é preservada e a pessoa é respeitada nos devidos termos clínicos e humanos. O corpo é reconstituído após a cirurgia de retirada dos órgãos, deixando-o o mais próximo da aparência natural possível

Quero ser um doador de órgãos. O que posso doar?

  • Córneas (retiradas do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidas fora do corpo por até catorze dias);
  • Coração (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo seis horas);
  • Pulmões (retirados do doador antes da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por no máximo seis horas);
  • Rins (retirados do doador até 30 minutos após a parada cardíaca e mantidos fora do corpo até 48 horas);
  • Fígado (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);
  • Pâncreas (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);
  • Ossos (retirados do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por até cinco anos);
  • Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);
  • Pele;
  • Valvas Cardíacas.

Quem recebe os órgãos e/ou tecidos doados?

Quando o potencial doador efetivo é reconhecido, a Central Estadual de Transplantes é comunicada, pois apenas ela tem acesso aos cadastros técnicos com informações de quem está esperando um órgão. A escolha do receptor será definida de acordo com a ordem da lista de espera que leva em consideração a compatibilidade entre o doador e o receptor, o tempo de espera e a urgência.

Disseram-me que o corpo do doador, depois da retirada dos órgãos, fica deformado. Isso é verdade?

É mentira. Não dá para perceber a diferença. Aparentemente, o corpo fica igualzinho. Aliás, a lei é clara quanto a isso. Os hospitais autorizados a retirar os órgãos têm que recuperar a mesma aparência que o doador tinha antes da retirada. Para quem doa não faz diferença, mas para quem recebe sim!

Posso doar meus órgãos em vida?

Sim. Também existe a doação de órgãos ainda vivo. O médico poderá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças anteriores. A compatibilidade sanguínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso. Os doadores vivos são aqueles que doam um órgão duplo como o rim, uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão, ou um tecido como a medula óssea, para que se possa ser transplantado em alguém de sua família ou amigo. Este tipo de doação só acontece se não representar nenhum problema de saúde para a pessoa que doa.

Para doar órgãos em vida é necessário:

  • Ser um cidadão juridicamente capaz;
  • Estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a saúde e aptidões vitais;
  • Apresentar condições adequadas de saúde, avaliadas por um médico que afaste a possibilidade de existir doenças que comprometam a saúde durante e após a doação;
  • Querer doar um órgão ou tecido que seja duplo, como o rim, e não impeça o organismo do doador de continuar funcionando;
  • Ter um receptor com indicação terapêutica indispensável de transplante;
  • Ser parente de até quarto grau ou cônjuge. No caso de não parentes, a doação só poderá ser feita com autorização judicial.

Órgãos e tecidos que podem ser doados em vida

  • Rim;
  • Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);
  • Fígado (apenas parte dele, em torno de 70%);
  • Pulmão (apenas parte dele, em situações excepcionais).

O que diz a lei brasileira de transplante atualmente?

A lei que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante é a Lei nº 9.434, de 04 de fevereiro de 1997, posteriormente alterada pela Lei nº 10.211, de 23 de março de 2001, que substituiu a doação presumida pelo consentimento informado do desejo de doar. Segundo a nova lei, as manifestações de vontade à doação de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, após a morte, que constavam na carteira de identidade civil e na carteira nacional de habilitação, perderam sua validade a partir do dia 22 de dezembro de 2000. Isto significa que, hoje, a retirada de órgãos e tecidos de pessoas falecidas para a realização de transplante depende da autorização da família. Assim, é muito importante que uma pessoa que deseja, após a sua morte, ser uma doadora de órgãos e tecidos, comunique o seu desejo à sua família para que ela autorize a doação no momento oportuno.

Como pode ser identificado um doador de órgãos?

As centrais estaduais também têm um papel importante no processo de identificação e doação de órgãos. As atribuições da Central Estadual de Transplantes (CET) são, em linhas gerais, a inscrição e classificação de potenciais receptores; o recebimento de notificações de morte encefálica, o encaminhamento e providências quanto ao transporte dos órgãos e tecidos; notificação à Central Nacional de Transplantes (CNT) dos órgãos não aproveitados no estado para o redirecionamento para outros estados, dentre outras. Cabe ao coordenador estadual determinar o encaminhamento e providenciar o transporte do receptor ideal, respeitando os critérios de classificação, exclusão e urgência de cada tipo de órgão que determinam a posição na lista de espera. O que é realizado com o auxílio de um sistema informatizado para o ranking dos receptores mais compatíveis.

A identificação de potenciais doadores é feita, principalmente, nos hospitais em que estão internados, por meio da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), nas unidades de tratamento intensivo (UTI's) e emergências em pacientes com o diagnóstico de morte encefálica. As funções da coordenação intra-hospitalar baseiam-se em organizar, no âmbito do hospital, o processo de captação de órgãos, articular-se com as equipes médicas do hospital, especialmente as das unidades de tratamento intensivo e dos serviços de urgência e emergência, no sentido de identificar os potenciais doadores e estimular seu adequado suporte para fins de doação, e articular-se com a respectiva Central Estadual de Transplantes (CET), cuja coordenação possibilite o adequado fluxo de informações. Uma vez realizados os testes e a doação forem efetivados, cabe a Central Estadual de Transplantes (CET) realizar a inscrição e classificação de potenciais receptores, o encaminhamento e providências quanto ao transporte e distribuição dos órgãos e tecidos.

(Fonte: MG Transplantes)