14/09/2023
Terapia de mão oferecida no Hospital Maria Amélia Lins, da Fhemig, ajuda usuários do SUS voltarem a realizar atividades do dia a dia
Por mês, são realizados cerca de 640 atendimentos a pacientes que tiveram os movimentos dos membros superiores comprometidos após acidente
Dedicada a pacientes encaminhados pela equipe de trauma do Hospital João XXIII e do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), em BH, a terapia de mão é fundamental na reabilitação das habilidades motoras e sensoriais comprometidas após acidente, que dificultam o desempenho, de forma eficiente, de atividades no dia a dia. O tratamento acontece no ambulatório do HMAL – que integra o Complexo Hospitalar de Urgência e Emergência, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), ao lado dos hospitais João XXIII e Infantil João Paulo II – e realiza uma média de 640 atendimentos por mês.
“O plano de tratamento é individual. De acordo com a necessidade de cada paciente, utilizamos métodos e tarefas que têm como objetivo prepará-los para o desempenho ocupacional e auxiliá-los a alcançar os objetivos específicos, como: recursos para o controle da dor; tratamento de cicatriz para prevenir aderências, hipertrofias e quelóides; realização de atividades para ganho de amplitude de movimento e força; orientação para a reeducação sensorial; e treinos para a aquisição de competências concretas aplicadas a situações da vida real. Além disso, a equipe confecciona órteses (aparelhos que promovem o posicionamento adequado de uma ou mais articulações para prevenir ou corrigir deformidades e proporcionar o uso funcional do membro) sob medida e outras tecnologias de apoio”, explica a gerente da equipe multidisciplinar do Complexo, Cristiane Cenachi Coelho.
O atendimento é realizado por terapeutas ocupacionais, especialistas em reabilitação do membro superior ou terapia de mão, e acontece de segunda à sexta-feira. O tempo de tratamento varia de um paciente para outro, durando, em média, 3 meses - podendo se estender por mais tempo, dependendo do caso. “Não focamos no número de sessões. Trabalhamos até a melhora funcional do paciente ou a estabilização do quadro”, afirma a terapeuta ocupacional Lorena Cristina de Souza.
Recuperação
Júlio Cézar Batista está há quase um ano em tratamento e mal consegue acreditar na evolução que teve. Após ter sofrido um acidente com lâmina, em novembro de 2022, ele teve os nervos e músculos do braço esquerdo atingidos.
“Passei por cirurgia no João XXIII, onde fiquei internado por cinco dias. De lá, fui encaminhado ao HMAL para acompanhamento. Após o tempo de recuperação da cirurgia, iniciei meu tratamento aqui na terapia de mão, em dezembro. Cheguei sem esperança e muito abatido, achando que nunca mais conseguiria mexer meu braço novamente. Na época, eu não tinha o movimento do cotovelo, do punho e dos meus dedos, o que me prejudicava a realizar tarefas básicas como escovar os dentes, pegar um copo de água, lavar uma louça, andar de ônibus, além de trabalhar”, lembra.
“Foi uma lesão grave. No caso dele, além das sessões aqui no hospital, foi necessário o uso de órtese, que ajudou a manter o punho na posição funcional, evitando uma deformidade, facilitando o uso da mão na hora de realizar suas atividades cotidianas e contribuindo para que ele fosse ganhando mais força. O acidente foi em novembro e ainda estamos tendo retorno funcional. Agora que o nervo dele conseguiu acionar os extensores dos dedos. Ele está mais independente e começou a relatar mais facilidades nas atividades do dia a dia”, explica Lorena.
Atualmente, Júlio Cézar frequenta as sessões uma vez por semana e já comemora a independência na hora de realizar tarefas que antes não eram possíveis. “É uma sensação maravilhosa ver meus movimentos voltando, conseguir pegar um prato para comer, retomar minha rotina aos poucos. Se não fosse a terapia, talvez não conseguisse fazer isso nunca mais. Hoje, além dos movimentos, recuperei minha autoestima”, afirma com alegria.
Por Aline Castro Alves
Fotos: Aline Castro Alves