15/09/2023

MG Transplantes capacita Comissões Intra-hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos

Simpósio mostrou a importância das CIHDOTT’s dentro dos hospitais para a busca ativa de potenciais doadores e a abordagem dos familiares

Conversar com uma família que acabou de receber a notícia da perda de um ente querido e perguntar se ela autoriza a doação dos órgãos da pessoa não é nem de longe uma tarefa fácil. É por isso que existem profissionais nos hospitais treinados para realizar essa abordagem: os integrantes das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT’s).

Buscando a sensibilização dos profissionais de saúde para a importância destas comissões, o MG Transplantes realizou na quinta-feira (14/9), no auditório do Hospital João XXIII (HJXXIII), o II Simpósio das CIHDOTTS’s da Região Metropolitana. O evento foi voltado para comissões já formadas e equipes interessadas em melhorar o seu serviço de notificações. As CIHDOTTS´s têm a função de realizar a busca ativa de potenciais doadores nas unidades hospitalares, auxiliar na condução do protocolo e acompanhar todo o processo junto às Organizações de Procura de Órgãos (OPO’s), garantindo que tudo ocorra dentro da legalidade e com segurança.

De acordo com a gerente administrativa do MG Transplantes, Ediléia Gonçalves, o simpósio é relevante não somente para a qualificação das comissões já existentes, como também para a atualização das informações relacionadas à política de doação de órgãos e tecidos. “Como estamos em um mês de campanhas intensificadas (Setembro Verde), é mais uma forma de divulgar a causa e impactar no aumento das doações, que é o nosso maior objetivo”, avalia. O diretor assistencial do HJXXIII, Victor Ikeda, também esteve presente no evento e lembrou de sua experiência na estruturação de uma CIHDOTT. “Tive a oportunidade de atuar em uma unidade hospitalar sem CIHDOTT, e de começar essa comissão do zero. Não havia nenhum funcionário, e demoramos pouco mais de dois anos para conseguirmos fazer a primeira captação do hospital. Só quem trabalha com isso sabe como é gratificante”, contou.

Abordagem às famílias

Os profissionais membros das CIHDOTTS’s, além de dominarem toda a parte teórica e prática do processo de doação, devem desenvolver habilidades de comunicação e acolhimento suficientes para demonstrar empatia, esclarecer todas as dúvidas da família e dar a ela segurança para dizer “sim”. O enfermeiro Lucas Lopes, da OPO Metropolitana de Belo Horizonte, que conduziu a primeira palestra do dia - “CIHDOTT no processo de doação de órgãos” -, afirma que o processo de entrevista com os familiares deve estar em constante atualização. “Há momentos em que a família estará indecisa, podendo haver algum conflito entre os membros, no qual o profissional terá que intervir”, revela. O alinhamento entre todos os profissionais envolvidos no atendimento do paciente e os membros da CIHDOTT’s também é fundamental, para que não haja desencontro de informações e abordagens incorretas de familiares. “Todos devem estar cientes sobre o que falar, e quando falar”, ressalta Lucas.

O enfermeiro também destaca a importância de todos os trabalhadores saberem o que são as CIHDOTT’s e suas responsabilidades dentro da unidade hospitalar. “Qualquer profissional de saúde pode ter contato com o paciente em algum momento de sua internação. Todos eles fazem parte do processo de manutenção de um possível doador”, finaliza.

Critérios

Qualquer hospital pode ter CIHDOTT’s, que serão classificadas pelo número de óbitos da unidade, a sua especialidade, entre outros critérios estabelecidos. Independentemente de sua classificação, o importante é que haja uma equipe voltada para o paciente potencial doador, que observe quais evoluem para a morte encefálica, e faça todo o acompanhamento da equipe assistencial. Quando o hospital não tem a CIHDOTT, o trabalho é realizado pela própria OPO, assim como no João XXIII. “São muitos hospitais, e somos poucos funcionários nas OPO’s. Então, quando temos as CIHDOTT’s atuando, elas funcionam como nossos braços em locais que não podemos chegar e, assim, conseguimos fazer um trabalho mais voltado para a organização e comunicação direta com a sede”, explica a enfermeira Patrícia Silva, da OPO Metropolitana de Belo Horizonte, que também foi uma das palestrantes do evento.

Por Anni Sieglitz

Foto: Anni Sieglitz